Nuno Júdice partecipa alla X Edizione di "Ritratti di poesia" rappresentando il Portogallo.
- venerdì 5 febbraio
- Tempio di Adriano, in Piazza di Pietra, Roma
- “Poesia sconfinata”, dalle 18.50 alle 19.30 presenterà la poesia di Nuno Júdice
Carta (Esboço)
Lembro-me agora que tenho de marcar um
encontro contigo, num sítio em que ambos
nos possamos falar, de facto, sem que nenhuma
das ocorrências da vida venha
interferir no que temos para nos dizer. Muitas
vezes me lembrei de que esse sítio podia
ser, até, um lugar sem nada de especial,
como um canto de café, em frente de um espelho
que poderia servir de pretexto
para reflectir a alma, a impressão da tarde,
o último estertor do dia antes de nos despedirmos,
quando é preciso encontrar uma fórmula que
disfarce o que, afinal, não conseguimos dizer. É
que o amor nem sempre é uma palavra de uso,
aquela que permite a passagem à comunicação ;
mais exacta de dois seres, a não ser que nos fale,
de súbito, o sentido da despedida, e que cada um de nós
leve, consigo, o outro, deixando atrás de si o próprio
ser, como se uma troca de almas fosse possível
neste mundo. Então, é natural que voltes atrás e
me peças: «Vem comigo!», e devo dizer-te que muitas
vezes pensei em fazer isso mesmo, mas era tarde,
isto é, a porta tinha-se fechado até outro
dia, que é aquele que acaba por nunca chegar, e então
as palavras caem no vazio, como se nunca tivessem
sido pensadas. No entanto, ao escrever-te para marcar
um encontro contigo, sei que é irremediável o que temos
para dizer um ao outro: a confissão mais exacta, que
é também a mais absurda, de um sentimento; e, por
trás disso, a certeza de que o mundo há-de ser outro no dia
seguinte, como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores
do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos
encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que
o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí
que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas,
que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo
das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros.
Nuno Júdice, in “Poesia Reunida”
Nuno Manuel Gonçalves
Júdice Glória (Portimão, Mexilhoeira Grande, 29 de abril de 1949) é um
ensaísta, poeta, ficcionista e professor universitário português.
Licenciou-se em
Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e obteve
o grau de Doutor pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa, com uma dissertação sobre Literatura Medieval.
Professor do
ensino secundário, desde 1992 até 1997, é atualmente professor associado da
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas .
Foi Diretor da
revista literária Tabacaria (1996-2009), editada pela Casa Fernando Pessoa e
Comissário para a área da Literatura da representação portuguesa à 49ª Feira do
Livro de Frankfurt. Foi também Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal
(1997-2004) e Diretor do Instituto Camões em Paris. Organizou a Semana Europeia
da Poesia, no âmbito da Lisboa '94 - Capital Europeia da Cultura. É atualmente Diretor
da Revista Colóquio-Letras da Fundação Calouste Gulbenkian.
Poeta e
ficcionista, a sua estreia literária deu-se com A Noção de Poema (1972). Em
1985 receberia o Prémio Pen Clube, o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus, em
1990. Em 1994 a Associação Portuguesa de Escritores, distinguiu-o pela
publicação de Meditação sobre Ruínas, finalista do Prémio Europeu de Literatura
Aristeion. Assinou ainda obras para teatro e traduziu autores como Corneille e
Emily Dickinson.
A sua obra inclui
antologias, edições de crítica literária, estudos sobre Teoria da Literatura e
Literatura Portuguesa. Mantém uma colaboração regular na imprensa. Lançou, em
1993, a antologia sobre literatura portuguesa do século XX, Voyage dans un
siècle de Littérature Portugaise.
Tem obras
traduzidas em Espanha, Itália, Venezuela, Inglaterra e França.
OPERA
Poesia
A Noção de Poema
(1972)
O Pavão Sonoro
(1972)
Crítica Doméstica
dos Paralelepípedos (1973)
As Inumeráveis
Águas (1974)
O Mecanismo
Romântico da Fragmentação (1975)
Nos Braços da
Exígua Luz (1976)
O Corte na Ênfase
(1978)
O Voo de Igitur
num Copo de Dados (1981)
A Partilha Dos
Mitos (1982)
Lira de Líquen -
Prémio de Poesia do Pen Clube (1985)
A Condescendência
do Ser (1988)
Enumeração de
Sombras (1988)
As Regras da
Perspectiva - Prémio D. Dinis (1990)
Uma Sequência de
Outubro - Comissariado para a Europália (1991)
Obra Poética
1972-1985 (1991)
Um Canto na
Espessura do Tempo (1992)
Meditação sobre
Ruínas - Prémio da APE (1995)
O Movimento do
Mundo (1996)
Poemas em Voz
Alta - com CD de poemas ditos por Natália Luiza (1996)
A Fonte da Vida
(1997)
Raptos (1998)
Teoria Geral do
Sentimento (1999)
Poesia Reunida
1967-2000 (2001)
Pedro lembrando
Inês (2002)
Cartografia de
Emoções (2002)
O Estado dos
Campos (2003)
Geometria
variável (2005)
As coisas mais
simples (2006)
A Matéria do Poema (2008)
O Breve
Sentimento do Eterno (2008)
Guia de Conceitos
Básicos (2010)
Navegação de
Acaso (2013)
O Fruto da
Gramática (2014)
A Convergência
dos Ventos (2015)
Ficção
Última Palavra:
«Sim» (1977)
Plâncton (1981)
A Manta Religiosa
(1982)
O Tesouro da Rainha
de Sabá - Conto Pós-Moderno (1984)
Adágio (1984)
A Roseira de
Espinho (1994)
A Mulher
Escarlate, Brevíssima (1997)
Vésperas de
Sombra (1998)
Por Todos os
Séculos (1999)
A Árvore dos
Milagres (2000)
A Ideia do Amor e
Outros contos (2003)
O anjo da tempestade
(2004)
O Enigma de
Salomé (2007)
Os Passos da Cruz
(2009)
Dois Diálogos
entre um padre e um moribundo Coimbra, Angelus Novus, 2010.
O Complexo de
Sagitário, Lisboa, Dom Quixote, 2011.
Ensaio
A Era de «Orpheu»
(1986)
O Espaço do Conto
no Texto Medieval (1991)
O Processo
Poético (1992)
Portugal, Língua
e Cultura - Comissariado para a Exposição de Sevilha (1992)
Voyage dans un
Siècle de Littérature Portugaise (1993)
Viagem por um
século de literatura portuguesa (1997)
As Máscaras do
Poema (1998)
B.I. do
Capuchinho Vermelho (2003)
A viagem das
palavras: estudo sobre poesia (2005)
A certidão das
histórias (2006)
O ABC da Crítica
(2010)
Teatro
Antero - Vila do
Conde (1979)
Flores de Estufa
(1993)
Teatro, Lisboa
Artistas Unidos/Cotovia, (2005)
O Peso das
Razões, Lisboa, Artistas Unidos/Cotovia (2009)
Edições críticas e antologias
Novela
Despropositada de Frei Simão António de Santa Catarina, o Torto de Belém (1977)
'Poesia de Guerra
Junqueiro (1981)
Sonetos de Antero
de Quental (1992)
Poesia Futurista
Portuguesa, Faro 1916-1917 (1993)
Cancioneiro de D.
Dinis (1998)
Infortúnios
trágicos da Constante Florinda, de Gaspar Pires de Rebelo (2005)