Uma "diversão" - como lhe chama o próprio autor - do nosso aluno e amigo Stefano Valente, que tantas vezes tem participado neste blogue com os seus textos fantásticos. Um grande abraço e até breve!
As lojas da Silviónia
Numa viagem a Silviália e, sobretudo, se ficarem alguns dias em Silviónia – a capital do reino –, não deixem de entrar, pelo menos uma vez, numa das famosíssimas «Lojas da Liberdade». Celebradas em todo o mundo, é muito fácil reconhecê-las passeando nas ruas. Se ainda não as tiverem visto numa fotografia, na web ou na televisão, logo as irão notar pelas suas vitrinas de cores vivazes – que são as mesmas da bandeira nacional – e pelo enorme retrato do Líder Máximo, no seu típico sorriso de trinta e dois dentes, sobre a escrita «Força Silviália».
Não hesitem, portanto: entrem sem demora! Dentro das lojas esperam-vos os característicos e afamadíssimos «Vendedores da Liberdade», prontos a satisfazer qualquer sua exigência.
Normalmente, estes empregados são baixinhos e adoram contar piadas, graçolas e contos verdes. Vestem rigorosamente fato azul.
As mulheres são todas ex-bailarinas e soubrettes caídas em desgraça que não puderam empreender a carreira política. Têm lábios e seios imensos, como canoas, enchidos com botox.
Os homens são reconhecíveis também pela calvície, verdadeira ou fingida, de qualquer maneira sempre coberta por um pedaço de gato preto passado a ferro por um rolo compressor.
Nas Lojas da Liberdade o cliente não tem que esperar: é logo simpaticamente rodeado pelos vendedores que lhe perguntam as informações necessárias para lhe poderem oferecer os seus famosos serviços. Só é importante que o cliente não tenha dúvidas. Que ele saiba claramente qual é o seu inimigo do momento, seja este o amante da mulher, a sogra ou o chefe de escritório. Ou até o juiz do seu próprio processo…
O empregado da Loja da Liberdade insere imediatamente os dados no computador que está em ligação directa com os Serviços Secretos e com os principais jornais de Silviália. Não são necessários mais que alguns segundos, e o dossiê sai da máquina, lindo e pronto para destruir e desmoronar a pessoa que foi escolhida pelo cliente – qualquer pessoa! Para quê ter inimigos quando é possível o contrário? E a preços tão baratos!...
Em suma, se visitarem Silviónia, capital do esplêndido e livre país da democracia e do bem-estar, não percam a ocasião de aproveitar o serviço: entrem nas Lojas da Liberdade.
E não se esqueçam: força Silviália! Porque, como sempre diz o Líder Máximo, «a Liberdade é para todos»…
Numa viagem a Silviália e, sobretudo, se ficarem alguns dias em Silviónia – a capital do reino –, não deixem de entrar, pelo menos uma vez, numa das famosíssimas «Lojas da Liberdade». Celebradas em todo o mundo, é muito fácil reconhecê-las passeando nas ruas. Se ainda não as tiverem visto numa fotografia, na web ou na televisão, logo as irão notar pelas suas vitrinas de cores vivazes – que são as mesmas da bandeira nacional – e pelo enorme retrato do Líder Máximo, no seu típico sorriso de trinta e dois dentes, sobre a escrita «Força Silviália».
Não hesitem, portanto: entrem sem demora! Dentro das lojas esperam-vos os característicos e afamadíssimos «Vendedores da Liberdade», prontos a satisfazer qualquer sua exigência.
Normalmente, estes empregados são baixinhos e adoram contar piadas, graçolas e contos verdes. Vestem rigorosamente fato azul.
As mulheres são todas ex-bailarinas e soubrettes caídas em desgraça que não puderam empreender a carreira política. Têm lábios e seios imensos, como canoas, enchidos com botox.
Os homens são reconhecíveis também pela calvície, verdadeira ou fingida, de qualquer maneira sempre coberta por um pedaço de gato preto passado a ferro por um rolo compressor.
Nas Lojas da Liberdade o cliente não tem que esperar: é logo simpaticamente rodeado pelos vendedores que lhe perguntam as informações necessárias para lhe poderem oferecer os seus famosos serviços. Só é importante que o cliente não tenha dúvidas. Que ele saiba claramente qual é o seu inimigo do momento, seja este o amante da mulher, a sogra ou o chefe de escritório. Ou até o juiz do seu próprio processo…
O empregado da Loja da Liberdade insere imediatamente os dados no computador que está em ligação directa com os Serviços Secretos e com os principais jornais de Silviália. Não são necessários mais que alguns segundos, e o dossiê sai da máquina, lindo e pronto para destruir e desmoronar a pessoa que foi escolhida pelo cliente – qualquer pessoa! Para quê ter inimigos quando é possível o contrário? E a preços tão baratos!...
Em suma, se visitarem Silviónia, capital do esplêndido e livre país da democracia e do bem-estar, não percam a ocasião de aproveitar o serviço: entrem nas Lojas da Liberdade.
E não se esqueçam: força Silviália! Porque, como sempre diz o Líder Máximo, «a Liberdade é para todos»…
Stefano Valente
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