Alguns alunos de Português enviaram-nos os seus textos comemorativos da grande alegria que foi, para Portugueses e Lusófilos, a atribuição ao Fado pela UNESCO, no passado dia 27 de Novembro, da categoria de Património Imaterial da Humanidade.
http://www.publico.pt/Cultura/o-fado-ja-e-patrimonio-mundial-1522758
http://www.publico.pt/Cultura/o-fado-ja-e-patrimonio-mundial-1522758
Muito obrigado, Isabella!
Falar de fado è – para mim – virar a capa do livro da minha alma e deixá-la à vista. Portanto acolhi a sua distinção a Património Imaterial da Humanidade quase como a invasão institucional de um cantinho muito privado do meu ser.
Nem me lembro quando o ouvi pela primeira vez. Deve ter sido na voz da Amália, numa reproposição televisiva. Eu era pequenina, e a minha mãe deve ter estado lá comigo, a saborear aquelas emoções alheias e no mesmo tempo tão próximas ao nosso sentir napolitano.
Passado alguns anos, eu tornei-me tradutora e cantora, morei em Portugal, mas a primeira vez que cantei fado foi na Itália, depois de ter voltado de Lisboa. Foi por saudade dela, do seu rio que cai no mar, da sua luz e da sua gente, que sempre me acolheu.
Como humilde pesquisadora da cultura e da tradição oral na música popular italiana, bem compreendo quem sublinha o valor do fado come colante identitário, como expressão cultural distintiva de um país, da qual a sua História não pode prescindir. A UNESCO reconheceu publicamente esse valor muito específico, mas ao fazê-lo atribuiu ao fado um valor universal. O fado é dos portugueses. Mas o fado é meu também. E é teu, teu e teu também. E isto – posto que o fado seja tratado com respeito – pode ser só uma maravilha.
“Quem destrói as suas próprias raízes, não pode crescer”, disse o artista austríaco Friedensreich Hundertwasser. Sempre pensei que da minha terra, através das profundidades do Mediterrâneo, as minhas raízes atingissem Portugal. Neste dia de grande orgulho agradeço o povo português pela sua generosidade com quem mostra de amar Portugal de um amor puro. E levo em alto a minha voz de esperança que os jovens portugueses fiquem ligados às suas raízes por elevarem seus ramos mais altos e floridos, no céu.
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