mercoledì 14 dicembre 2011

Stefano Valente: conto de Natal


Ilustração de CATERINA MARTINI publicada em http://crazyoverdaisy.typepad.com/blog/


Pedimos aos alunos que escrevessem um pequeno conto de Natal...



A moral ruim do Rui
(Breve conto moral de atmosfera natalícia)



O Zé Manuel é o irmão mais novo – o caçula, como se diz no Brasil – de uma típica família lisboeta. Tem apenas seis anos e, como todos os miúdos de qualquer latitude do mundo, não vê a hora que venha o dia 25 de Dezembro para que o Pai Natal lhe traga as prendas com que tem sonhado por uma boa parte do ano.

Como todas as crianças, o Zé Manuel fez tudo o que é preciso para que o Pai Natal não encontre obstáculos de nenhuma natureza: escreveu uma carta ao velhinho da Lapónia incluindo, depois da lista dos brinquedos desejados, o seu nome, o seu apelido e, enfim, o seu endereço certo – com andar e tudo.

No entanto, mesmo na manhã de 24 de Dezembro, o irmão mais velho do Zé Manuel, o Rui, forte dos seus onze anos, resolveu fazer ao Zezinho “a Revelação das Revelações” (é que o Rui, às vezes, mais do que Rui era ruim).

“Pai Natal não existe”, disse então o Rui com um sorriso mau.
“O que é isto?”, tremulou a vozinha do Zé Manuel.
“A verdade, que parvo que és!”, continuou o Rui ruim. “Pai Natal não existe, nunca existiu... Nem sequer as renas existem – ainda não o sabias?”

O conto moral segue desta maneira. Que o Zé Manuel tanto se perturbou que fugiu de casa. E chorando começou a correr pelas ruas, pelas vielas, subiu até ao Castelo, e voltou a descer para a Baixa, e depois foi por bairros de que nem conhecia os nomes, e em volta dele um mar de rostos olhando para ele, gritando, gargalhando ou apenas evitando-o...

Correu o Zé Manuel. Correu, correu, correu. Até que não teve mais força, e as pernas se lhe dobraram e caiu de joelhos no chão enquanto tudo, entre as lágrimas, se lhe tornava escuro como na noite mais negra...

E aqui acaba o conto moral, com o Rui, meio escondido atrás dos ombros dos seus pais e dos outros irmãos, e dos avós e dos tios e dos primos – de toda a família em angústia –, com o Rui, dizia-se, que olha para fora e não consegue acreditar no que está a ver.

O Zezinho está à porta da casa, de mão dadas com o homem de vermelho, o velho senhor da longa barba branca que o acompanha.
Trata-se de Pai Natal, obviamente, em pessoa.


STEFANO VALENTE

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