Convidámos os nossos alunos
de Português de primeiro nível a escrever sobre os seus tempos livres. O
primeiro a responder foi o Alessandro Stoppoloni, a quem muito agradecemos –
pelo texto belíssimo e com uma perspetiva muito particular sobre o tema-base…
Boa leitura!
No texto que segue podia falar do que faço nos meus
tempos livres, mas não vou fazê-lo. A razão é que nesta fase da minha vida eu
tenho demasiados tempos livres e então vou falar-vos precisamente disto, desta
sensação.
Acho, e esta provavelmente é uma afirmação banal, que muitas pessoas gostavam de ter mais tempos livres porque isto dá a possibilidade de ir mais ao cinema, de ler mais, de fazer mais viagens... e tudo isso teria um sabor especial.
Mas o que é o que acontece se os tempos livres são muitos, ou melhor,
demasiados? Acontece que as mesmas atividades que antes nos davam muito prazer
agora são menos saborosas. É um pouco como comer um pastel quando não temos
apetite ou quando já comemos muito: potencialmente podia ser muito agradável e é-o
sempre um pouco, mas menos do que o habitual.
Isto é muito claro aos domingos o aos sábados, quando geralmente os
outros não têm de trabalhar. Na minha cabeça eles chegam de uma semana muito
cheia e têm todo o direito de descansar. Estes são dias especiais. Para mim
agora não é assim e, paradoxalmente, estes dias são até os “piores” porque não
há a possibilidade de receber o e-mail ou o telefonema que podia mudar a
situação e porque há um descanso que acho não ter merecido.
Neste momento é muito difícil que eu não possa fazer uma coisa porque
não tenho tempos. Gostaria mais de ter de dizer “não posso” de vez em quando,
de ter menos “tempos livres” e de ter um trabalho. Como acontece frequentemente,
é uma questão de perspetivas.
ALESSANDRO
STOPPOLONI
Nessun commento:
Posta un commento