O nosso aluno MAURO DONATI foi a
Viterbo no início deste mês e enviou-nos um texto sobre esta sua experiência.
As suas palavras introdutórias:
«(...) com muito prazer escrevi um "mínimo" artigo sobre Viterbo e
Pietro Hispano para o blog. Obviamente trata-se apenas de um modesto convite,
para quem estivesse interessado em aprender mais sobre essa multiforme figura de
homem da Idade Media que, apesar de ter "reinado" como João XXI só
poucos meses, marcou sem dúvida a altura em que viveu, mais como cientista e
teólogo que como Papa.»
Muito obrigado, Mauro (também pelas
imagens)!
Um Português em Viterbo
O que é que faz ou, melhor, o que é que
fazia um Papa português em Viterbo? Isto foi o que me perguntei quando, durante
a minha última vísita a Viterbo,
encontrei o tumulo dum Papa nascido em
Lisboa, dentro da igreja de São
Lourenço, a Sé de Viterbo.
Outras vezes na minha vida fui para
visitar esta antiga e linda cidade da Tuscia onde ainda se respira,
nomeadamente no bairro San Pellegrino, um ar de Idade Média, e de cada vez apreciei
os seus monumentos, os pálacios, a muralha, as torres, as pequenas praças com as fontes, as igrejas
e o famoso
palácio papal.
Antes de agora nunca tinha notado, porém,
que na Catedral de Viterbo estava o corpo do Papa João XXI, o único Papa
português da história da Igreja, que foi eleito no ano 1276 durante o período no qual Viterbo foi sede papal.
De Pedro Julião - este o nome do nosso
homem, também conhecido como o Pedro Hispano - sabe-se com certeza a data da
morte, o ano de 1277, enquanto a de nascimento coloca-se entre o ano 1205 e o
1220.
Pedro Julião foi um famoso médico,
filósofo, professor e teólogo, estudou em Lisboa e Paris, ensinou medicina em
Siena e entre as obras que escreveu destaca-se um Tratado de lógica aristotélica, que durante mais de trezentos anos
foi estudado em todas as universidades europeias, e por isso o próprio Dante
Alighieri refere-se a este livro quando
fala de Pedro Hispano no XII canto do
Paraiso.
Infelizmente, para ele sobretudo, mas talvez
para a Igreja também, Pietro Ispano morreu imediatamente oito meses depois da sua eleição como Papa, por causa da derrocada de uma parte do
palácio onde morava, que o próprio tinha mandado erguer. Esta morte foi vista por
algums como castigo divino, como prova do seu mau caráter, mas, muito mais
provável e simplesmente, foi causada (ontem
como hoje!) pelos maus materiais
utilizados para a construção.
MAURO DONATI
1 commento:
Bravo Mauro, un articolo dottissimo.
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