A nossa aluna ANGELA DE CHIRICO recorda, de forma particularmente sentida, o Holocausto.
Obrigado, Angela!
A data de 27 de janeiro foi
estabelecida pela Assemblea Geral das Nações Unidas e celebra todas as
vitimas da Shoah.
Foi escolhida esta data porque no dia 27 de Janeiro de 1945
as tropas da União Soviética libertaram os prisioneiros sobreviventes do campo de
concentramento de Auschwitz ao extermínio nazista.
Foi
um espetáculo horrível que chocou o mundo.
A
maioria das vítimas eram judeus mas foram assassinados também grupos sociais que eram considerados
"diferentes" como os negros, os homossexuais, os ciganos e os loucos.
Para muitas pessoas talvez este dia se tenha tornado um hábito. Há muitos
dias dedicados a pessoas e aos mais variados eventos. Há o dia da terra, o dia
dedicado à mãe, ao consumo consciente...
Não, este não é um dia a que nos deveremos acostumar, temos de fazer de tudo
para que aquela horrível história que foi o Holocausto seja lembrada, porque a
memória não está perdida. Devemos dizer isto, transmiti-lo aos filhos e aos filhos
dos nossos filhos, para que ninguém
esqueça, nem hoje nem nunca.
Para me lembrar
sempre de não esquecer o que foi e que nunca mais deverá ser e para
testemunhar ao mundo o Holocausto queria transcrever alguns poemas:
SE ISTO É UM HOMEM
Vós que viveis tranquilos
Nas vossas casas aquecidas
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa casa,
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a cara.
Poema de Primo Levi, em epígrafe no seu livro homónimo. Tradução de Simonetta Cabrita Neto.
Nas vossas casas aquecidas
Vós que encontrais regressando à noite
Comida quente e rostos amigos:
Considerai se isto é um homem
Quem trabalha na lama
Quem não conhece paz
Quem luta por meio pão
Quem morre por um sim ou por um não.
Considerai se isto é uma mulher,
Sem cabelos e sem nome
Sem mais força para recordar
Vazios os olhos e frio o regaço
Como uma rã no Inverno.
Meditai que isto aconteceu:
Recomendo-vos estas palavras.
Esculpi-as no vosso coração
Estando em casa andando pela rua,
Ao deitar-vos e ao levantar-vos;
Repeti-as aos vossos filhos.
Ou então que desmorone a vossa casa,
Que a doença vos entreve,
Que os vossos filhos vos virem a cara.
Poema de Primo Levi, em epígrafe no seu livro homónimo. Tradução de Simonetta Cabrita Neto.
C'E' UN PAIO DI
SCARPETTE ROSSE
C'è un paio di scarpette rosse
numero ventiquattro
quasi nuove:
sulla suola interna si vede ancora la marca di fabbrica
"Schulze Monaco"
c'è un paio di scarpette rosse
in cima a un mucchio di scarpette infantili
a Buchenwald
più in là c'è un mucchio di riccioli biondi
di ciocche nere e castane
a Buchenwald
numero ventiquattro
quasi nuove:
sulla suola interna si vede ancora la marca di fabbrica
"Schulze Monaco"
c'è un paio di scarpette rosse
in cima a un mucchio di scarpette infantili
a Buchenwald
più in là c'è un mucchio di riccioli biondi
di ciocche nere e castane
a Buchenwald
servivano a far coperte per soldati
non si sprecava nulla
e i bimbi li spogliavano e li radevano
prima di spingerli nelle camere a gas
c'è un paio di scarpette rosse per la domenica
a Buchenwald
non si sprecava nulla
e i bimbi li spogliavano e li radevano
prima di spingerli nelle camere a gas
c'è un paio di scarpette rosse per la domenica
a Buchenwald
erano di un bambino di tre anni e mezzo
chi sa di che colore erano gli occhi
bruciati nei forni
ma il suo pianto lo possiamo immaginare
si sa come piangono i bambini
anche i suoi piedini
li possiamo immaginare
scarpa numero ventiquattro
per l'eternità
perchè i piedini dei bambini morti non crescono
chi sa di che colore erano gli occhi
bruciati nei forni
ma il suo pianto lo possiamo immaginare
si sa come piangono i bambini
anche i suoi piedini
li possiamo immaginare
scarpa numero ventiquattro
per l'eternità
perchè i piedini dei bambini morti non crescono
c'è un paio di scarpette rosse
a Buchenwald
quasi nuove
perchè i piedini dei bambini morti
non consumano le suole.
a Buchenwald
quasi nuove
perchè i piedini dei bambini morti
non consumano le suole.
Joyce Lussu
A NOITE
Nunca
esquecerei aquela noite,
a
primeira noite no campo,
que
transformou a minha vida em uma longa noite sete vezes selada.
Nunca
me esquecerei da fumaça.
Nunca
esquecerei os pequenos rostos das crianças cujos corpos eu vi transformados em
fumaça sob um céu silencioso.
Nunca
hei de esquecer aquelas chamas que consumiram a minha fé para sempre.
Nunca
vou esquecer o silêncio noturno que me privou por toda a eternidade do desejo
de viver.
Nunca
esquecerei aqueles momentos que assassinaram meu Deus e minha alma e transformaram
meus sonhos em cinzas.
Nunca
me esquecerei dessas coisas, mesmo se fosse condenado a viver tanto quanto o
próprio Deus.
Nunca.
Elie
Wiesel
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