venerdì 4 dicembre 2009

Muito para além dos chapéus, que os há, e muitos - por Rocco Costantino

O nosso aluno Rocco Costantino, escreveu este belíssimo texto, de grande profundidade, partindo da visão do filme "A Canção de Lisboa"... Partindo do riso, fez-se um discurso coisa muito sério... Buito bem, Rocco! Muito obrigado pelo texto e parabéns por ideias tão claras e tão justas!


“A canção de Lisboa” é um filme de 1933, mas ainda hoje é muito divertido e sobretudo parece um filme mais novo do que muitos dos filmes recentes. A alternância da parte falada e da parte cantada é conduzida com grande capacidade. Para mim foi uma verdadeira surpresa ver um filme assim antigo mas ao mesmo tempo tão moderno e simples, acessível a todos.

Entre tantas coisas, também o cinema em Portugal é uma contínua surpresa. O seu cinema, os seus escritores, o Porto, Lisboa, o fado, e também nossos jovens professores Duarte e Francisco - todos motivos válidos para continuar a estudar o idioma e a cultura portugueses.

No filme há uma expressão repetida muitas vezes: Chapéus há muitos, seu palerma. No contexto do filme parece significar “não interessa nada”, também pode significar (come diz a nossa Vilma) que não se deve escolher o chapéu dos outros, que Chapéus há muitos pode significar ser um homem livre.

A minha ideia é diferente: com certeza chapéus há muitos, como aliás há muitos tipos de pessoas. Há pessoas bonitas, feias, altas, baixas, brancas, negras, amarelas, católicas, muçulmanas, budistas, ateias... Chapéus há muitos. O problema está no facto de julgar e dividir as pessoas, que é sem dúvida o “desporto” mais difundido em todas as épocas e todas as civilizações. Mesmo as religiões parecem existir só para dividirem as pessoas em justas e erradas e aplicarem à letra “Divide e impera”.

Todos têm na sua cabeça uma balança para julgarem quem é bom e quem é mau. O branco é sempre bom (quando é rico), o negro sempre mau (especialmente quando é pobre), os pobres não têm vontade para trabalharem e, se por acaso não são da nossa raça, significa que todas as outras raças não têm vontade de trabalhar e são delinquentes.

Nunca se olha a pessoa, só o seu chapéu parece ser importante. Por sorte, todos os que julgam e dividem são palermas, é muito fácil enganá-los, basta mudar chapéu... Chapéus há muitos. Basta mudar de fato, mudar de carro, mudar de cor de cabelos ou de pele e o juízo de valor logo muda também. Assim há muitos palermas: os que julgam só o chapéu e os que avalizam, mudando chapéu, essa estupidez.

Até agora fiz um discurso muito optimista, dizendo que o julgar pelo chapéu e o mudar de chapéu são sinais de estupidez. Mas a realidade é outra, muito pior: julgar e mudar chapéu são quase sempre a maneira escolhida pelos homens para ficarem sempre à superfície, sempre no poder, para ganharem dinheiro de qualquer maneira.

ROCCO COSTANTINO

1 commento:

givi62 ha detto...

Chapéus há muitos, mas Roquinho é um só, e é um grande! Muitos Parabéns ao meu amigo Rocco pelo seu texto, com o qual expressão o que eu não cosegui expressar em pleno. Obrigada pela citação.
Vilma