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«Casa Daniel» alia espiritualidade e cultura
Lamego, Viseu, 11 jul 2014 (Ecclesia) – A Casa Daniel, um projeto que alia espiritualidade e cultura, vai ser inaugurada este sábado às 11h30, tornando realidade o lema ‘A porta mora à espera’, em Granjinha, Tabuaço, na Diocese de Lamego.
“A Casa Daniel é um centro que se distingue pela junção da cultura e da espiritualidade. Neste momento as casas estão prontas a ser utilizadas e esta fase vai marcar o início deste projeto ser um espaço para quem procura o recolhimento, ser um local despojado de tudo aquilo que é necessário”, explica à Agência ECCLESIA, Carlos Oliveira Cruz, da Associação Casa Daniel.
O entrevistado revela que o lema ‘A Porta Mora à Espera’ é a ideia que esta construção pretende estimular: “Ser uma porta para quem quer atravessar para refletir sobre si mesmo não no exercício egoísta mas partindo de si para os outros”.
Outro objetivo deste projeto é “estimular/fomentar a dinâmica religiosa nos artistas” e homenagear Daniel Faria (1971-1999), “um dos grandes poetas místicos desta metade do século XX que deixou uma obra poética riquíssima” cujo alcance a Associação ainda está a tentar descobrir, destaca Carlos Oliveira Cruz.
Ser um espaço de cultura é também um propósito desta construção, que “está muito vincada na matriz da Casa Daniel”, e a Associação acredita que esta dimensão cultural e religiosa “desempenham um papel que pode ser a busca interior de cada um”.
A biblioteca é composta por livros de espiritualidade oferecidos por D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício para a Cultura, e também com “o legado de pessoas como Daniel Faria que fizeram a junção entre cultura e espiritualidade”.
Carlos Oliveira Cruz realça que a Casa Daniel, situada na Quinta da Cruz, num terreno classificado como reserva ecológica, está “num local belíssimo marcado pelo silêncio, numa das encostas para o rio Távora”, perto do mosteiro de São Pedro das Águias, antigo eremitério cisterciense que remonta ao século XII.
“A própria disposição, a arquitetura da casa e a forma como está construída na encosta é de contemplação para todo aquele vale que é um convite à introspeção”, assegura o representante da Associação.
O projeto da Casa Daniel começou a ser idealizado “há mais de duas décadas”, no final da década de 80, por um grupo de amigos – o bispo D. Carlos Azevedo, o poeta Daniel Faria e Francisco Jorge Vieira – que numa das visitas à região, concretamente ao Mosteiro de São Pedro das Águias, “identificaram uma pequena quinta que tinha duas casas que estavam abandonadas”.
Depois da morte de Daniel Faria, antes de concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga, em 1999, D. Carlos Azevedo decidiu concretizar esta ideia/projeto e a Associação Casa Daniel foi constituída em 2006 e o início “de construção no ano seguinte, em 2007”, informa Carlos Oliveira Cruz.
A Casa Daniel também está presente no meio virtual para quem a quiser conhecer em www.casadaniel.pt.
HM/CB/OC
Agência Ecclesia 11 de Julho de 2014, às 08:35
Casa Daniel
A Casa Daniel toma nome do poeta Daniel Augusto Faria, que a sonhou nas visitas anuais a S. Pedro das Águias, na companhia de Carlos Moreira Azevedo e de Francisco Jorge Vieira. Está localizada na Quinta da Cruz, local de reserva ecológica, junto da igreja medieval de S. Pedro das Águias, antigo eremitério na freguesia da Granjinha, concelho de Tabuaço.
A Casa Daniel nasce da recuperação de duas casas abandonadas e em ruínas. O "pequeno sonho de uma janela para abrir" transforma-se no abrigo da descoberta da realidade da Casa onde "a porta mora à espera" e "a luz entra sempre de noite".
Para iniciar esta Associação, Carlos Moreira Azevedo, à data bispo auxiliar de Lisboa, oferece o terreno e o projeto e colocará a sua biblioteca de espiritualidade na Casa.
A Associação Casa Daniel toma nome do poeta Daniel Augusto Faria, que a sonhou nas visitas anuais a S. Pedro das Águias, na companhia de Carlos Moreira Azevedo e de Francisco Jorge Vieira.
A Associação Casa Daniel tem como objetivos:
- promover encontros de cultura espiritual
- fomentar o estudo da dimensão religiosa dos poetas e artistas
- proporcionar momentos de pacificação interior, de silêncio orante
- avaliar e rever os critérios de viver em sociedade
- aprender a contemplar e a celebrar a presença viva de Deus.
Daniel Faria
Daniel Augusto da Cunha Faria nasceu em Baltar, Paredes, a 10 de Abril de 1971.
Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa – Porto, tendo defendido a tese de licenciatura em 1996.
No Seminário e na Faculdade de Teologia criou gosto por entender a poesia e dialogar com a expressão contemporânea.
Licenciou-se em Estudos Portugueses na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Durante esse período (1994-1998) a opção monástica criava solidez.
Viveu na Paróquia Senhora da Conceição - Porto, no período de frequência da Licenciatura em Estudos Portugueses e, durante vários anos, esteve ligado à paróquia de Santa Marinha de Fornos - Marco de Canaveses. Aí demonstrou o seu enorme potencial de sensibilidade criativa encenando, com poucos recursos, As Artimanhas de Scapin e o Auto da Barca do Inferno.
Enquanto estudante de Teologia publicou as obras Oxálida e A Casa dos Ceifeiros. Com o abraço da Fundação Manuel Leão publicou Explicação das árvores e de outros animais; Homens que são como lugares mal situados; Dos Líquidos.
Faleceu a 9 de Junho de 1999 quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga.
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