Agradecemos ao nosso aluno de 1º nível, PAOLO PASQUINI, este belíssimo texto
que quis partilhar com os leitores do nosso blogue.
Johns Hopkins University
APRENDER
UMA LÍNGUA TEM CONSEQUÊNCIAS DE NATUREZA SOMENTE PRAGMÁTICA E CULTURAL?
Não. Há também
consequências psicológicas e até neurológicas, como por exemplo o incremento
das sinapses, as conexões entre os neurónios do cérebro.
Mas aqui eu desejo
referir uma experiência pessoal recente, relativa a uma consequência relacional
e afetiva. É pouca coisa, mas, ao mesmo tempo, interessante e, acima de tudo,
constitui um pretexto para um exercício.
Eu tenho um amigo
brasileiro de 77 anos, conhecido em 1976, quando eu tinha 30 anos e estava nos
Estados Unidos da América, para estudar na Universidade John Hopkins de
Baltimore.
Agora ele é um
célebre professor na Academia Americana. Nem a diferença a nível profissional,
nem a distância, impediram a duração e o reforçar da amizade entre as nossas
famílias. Mas uma grande assimetria existiu sempre: o meu amigo é um
intelectual muito culto (ainda que médico!), enamorado da cultura e arte
italianas e fala italiano tão fluentemente que muitas vezes, em Itália, em faz
cursos em italiano.
Pelo contrário, eu
não falo português e não conheço a cultura brasileira.
Até agora este era
um dado de facto, tido por óbvio. Mas quando, há uma semana, o meu amigo recebeu
um e-mail que eu escrevi em português, ainda que muito cheio de erros,ele
reagiu com maravilha, alegria e comoção. Uma reação automática, que não passa
através do córtex cerebral, mas que é imediata, porque afetiva e regulada pelas
secções mais baixas e primitivas do sistema nervoso central, e que diz respeito
ao núcleo mais verdadeiro, profundo e antigo da nossa identidade.
A verdade é que com
a nossa lingua-mãe nós somos crianças.
O ensinamento de
uma língua é uma atividade com uma imensidão de implicações e profundamente
humana.
PAOLO PASQUINI
Roma, 1
de abril de 2017
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