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Maria de Jesus celebrou ontem 115 anos de vida na aldeia de Corujo, Tomar, distribuindo sorrisos de contentamento e de satisfação aos presentes, ao mesmo tempo que saboreava um arroz-doce, a sua sobremesa favorita. Em ambiente de festa e na companhia dos seus familiares próximos, Maria de Jesus teve direito a receber um ramo de flores de Corvelo de Sousa, presidente da autarquia, e forças para soprar as três velas.
Filhos, netos, sobrinhos, bisnetos e trinetos não deixaram de passar o dia junto daquela que é considerada a mulher mais idosa da Europa e a segunda mais velha do mundo, sendo, neste momento, superada pela norte-americana Edna Parker, que fez 115 anos no passado dia 20 de Abril.
Sentada numa cadeira de rodas (obtida recentemente numa campanha), Maria de Jesus tem dificuldades de audição e uma vista que já fraqueja, estando os seus cuidados entregues a Maria Madalena, uma filha que conta já 83 anos. Ao corrupio da manhã, com a visita de vizinhos, familiares, amigos e dezenas de fotógrafos e jornalistas, Maria de Jesus respondeu sempre com um sorriso afável afastando-se de forma cortez para o almoço que precederia uma sesta reconfortante. Nascida em Urqueira, Ourém, a 10 de Setembro de 1893, Maria de Jesus vivenciou boa parte dos séculos XVIII, XIX e XX e a sua infância foi muito difícil num País onde tudo escasseava.
"Ela 'comeu o pão que o Diabo amassou' numa altura em que 'meia sardinha era o sustento de uma família à refeição'. Era o que havia, muito pouco ou nada, mas a minha mãe nunca virou a cara à luta e conseguiu criar os seis filhos que teve", contou ao DN Maria Madalena. "O Portugal de então era muito pobre e lembro- -me bem de que andávamos todos descalços, sem possibilidades de ir à escola, sem luz eléctrica, sem nada", contou. "Ela nunca gostou nem perdoou ao Salazar pelo sofrimento que causou ao povo", afiançou.
Muito religiosa, Maria de Jesus começou a trabalhar aos 12 anos nas planícies ribatejanas e enviuvou aos 57. Os seus dois irmãos faleceram com 72 e 90 anos de idade e, segundo contou a sua filha, "este é um caso raro de longevidade na família". "Nunca esteve doente ou internada, nunca tomou remédios para o que quer que fosse e sempre apresentou uma saúde de ferro", lembra Maria Madalena.
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Curisodidade: ano de 1893
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