mercoledì 4 marzo 2009

Pirandello em Lisboa


Artigo de Maria João Caetano publicado hoje no Diário de Notícias:


Pirandello regressa ao D. Maria II pelas mãos dos Artistas Unidos

Aos 60 anos, Jorge Silva Melo encontra-se finalmente no palco com Luigi Pirandello. O escritor italiano (1867-1936), prémio Nobel da Literatura em 1934, é um dos "velhos amigos" do encenador que se lembra de, em 1963, adolescente, ter assistido à peça Para Cada Um Sua Verdade, no Teatro Nacional Dona Maria II. Encenação de Palmira Bastos, interpretações "excelentes" de Varela Silva e Cecília Guimarães. Foi o princípio. Há 15 anos que Silva Melo anda a tentar encenar Pirandello. E, este ano, curiosamente, faz a dobradinha: amanhã, no mesmo D. Maria, estreia Esta Noite Improvisa-se; em Setembro no São Luiz, haverá Seis Personagens em Busca de Um Autor.

Porque demorou tanto tempo? Já nem falemos da atribulada vida dos Artistas Unidos, há anos com a casa às costas, falemos antes de uma peça como Esta Noite Improvisa-se, escrita em 1929, e para a qual sobem ao palco 32 actores e quatro músicos. Um elenco gigantesco como só poderia acontecer numa grande produção - à escala de um teatro nacional, afinal, é com esta peça que o D. Maria reabre, com nova administração e direcção artística de Diogo Infante.

Esta é uma daquelas peças que reflectem sobre o que o teatro é ou deve ser e sobre a relação entre palco e plateia - e do teatro parte-se para a vida. Perante os espectadores de uma estreia, o encenador propõe aos seus actores uma improvisação a partir de uma novela de Pirandello, Leonora, Addio!. A peça segue a vida da família La Croce, numa cidade de província: a mãe casamenteira, filhas casadoiras, o pai com delírios extraconjugais. Uma das quatro filhas, Mommina, sonha vir a cantar Verdi nos grandes teatros e acaba fechada em casa. Realidade e ficção confundem-se nesta constante oscilação entre presente e passado. "A peça era muito modernista na altura, mas muita da vanguarda que lá está já passou completamente de moda. Nós assumimos isso. Isto é datado. Partimos desse princípio", explica o encenador. "Começamos como se estivéssemos a ver uma representação de 1930, mas de vez em quando, como o próprio Pirandello exige, é agora. Essa oscilação é possível mas foi um enorme desafio." Só possível com este elenco, afirma."

Não há muitas actrizes capazes de fazer a Mommina", explica Jorge Silva Melo "Tem de saber cantar três árias de Verdi, além de representar, morrer, ser a protagonista e ter de ser bela." Para Mommina, escolheu a actriz Sílvia Filipe, com quem já tinha trabalhado em António, um Rapaz de Lisboa. A seu lado, antigos colaboradores dos Artistas Unidos, como António Simão, Lia Gama, Pedro Lacerda, João Meireles, Andreia Bento ou Pedro Carraca. E depois uma série de gente nova. Pela primeira vez na sua carreira, Silva Melo fez um casting para encontrar jovens actores-cantores e surpreendeu-se com a qualidade que encontrou. De tal forma que grande parte do elenco reencontra-se em Setembro com Pirandello.


MARIA JOÃO CAETANO

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