A nossa aluna, amiga e colaboradora Isabella Mangani está em Lisboa. Da
capital à beira Tejo propõe-se enviar, com a regularidade possível, para os
leitores de Via dei Portoghesi, um relato da sua viagem...
Boa leitura!
Boa leitura!
É mesmo de estranhar como esta cidade me proporcione oportunidades a cada
esquina e pareça saber o que eu preciso. Na semana passada tive a sorte de
conhecer pessoas excecionais, algumas por trás de uma escrivaninha e outras
mais de perto, mas todas relacionadas com aspectos da vida mais crus do aqueles que se
costumam aprofundar de férias num País estrangeiro. Mas é isso mesmo, eu não
estou de férias. Estou a tirar um curso, sim, mas sobretudo vim cá com a
sensação de regressar a pessoas e lugares queridos, e com a vontade de enlaçar
e re-enlaçar relações. Conhecer a sombra permite apreciar a luz. E às vezes
o sol é forte demais, e gosta-se de ficar na sombra por algum tempo.
Um dia fui com a minha colega Mónica (obrigada por me ter convidado!) ao lançamento
do livro "As
Prisioneiras — Mães atrás das grades", de Isabel Nery (ed. Livros de Seda). Esta
valente jornalista, que escreve artigos e reportagens para a revista Visão e
várias outras, acaba de publicar o seu primeiro livro. Para essa empresa
escolheu um tema nada fácil de enfrentar: o das mães que são detidas e das suas
crianças. Mas Isabel Nery não é uma estreante no que diz respeito aos assuntos
embaraçosos: de facto, já publicara artigos sobre o cancro e fez uma exposição
que teve muito êxito, juntamente com o fotógrafo Marcos Borga, titulada “Vida
interrompida”, descrevendo com textos e fotografías o mundo da perspetiva
horizontal das pessoas hospitalizadas, que de repente se veem catapultadas numa
posição de grande vulnerabilidade. O livro “As Prisioneiras” examina a situação
das vítimas da reclusão das mães: os seus filhos. Quer eles tenham de ficar
com elas na cadeia, quer tenham de ficar com avós, vizinhos ou até em
institutos, os filhos das prisioneiras são sempre quem mais paga. Muito
emocionante foi a dramatização da atriz Maria Almeida, que se levantou do meio do público para contar em primeira pessoa a
história duma daquelas mães e da sua filha, que antes sofrera pelos seus crimes
relacionados com drogas e depois pela sua ausência devida à reclusão. No
fundo, o filhote mais novo teve mais sorte, pois nasceu na cadeia e pôde
crescer com a mãe numa situação mais equilibrada. Das palavras da autora,
conseguiu-se perceber o envolvimento, a paixão e a capacidade de pesquisa desta
mulher, que acabou com este trabalho editorial que esperamos seja o primeiro de muitos.
No dia seguinte, graças a outro convite (do qual fiquei mesmo honrada),
conheci um grupo de mulheres corajosas, lindas e acolhedoras, que há mais de
vinte anos se ajudam mutualmente e ajudam seja quem for que lhes peça auxílio.
Quanta força em tanta humildade, quanto amor naquela
firmeza!
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A volte mi soprende
notare quanto questa città mi offra opportunità a ogni angolo e sembri sapere
di cosa ho bisogno. La settimana scorsa ho avuto la fortuna di conoscere
persone eccezionali, alcune dietro una cattedra e altre più da vicino, ma tutte
avevano a che fare con aspetti della vita più crudi di quelli che si è soliti
approfondire quando si va in vacanza in un paese straniero. Ma è questo il
punto, io non sono in vacanza. Sì, sto seguendo un corso, ma soprattutto sono
venuta qui con la sensazione di tornare a luoghi e persone amati, e con il
desiderio di allacciare e riallacciare rapporti. Conoscere l’ombra consente di
apprezzare la luca. E poi a volte il sole è troppo forte, e restare all’ombra
per un po’ è piacevole.
Un giorno sono
stata con la mia compagna Mónica (grazie per avermi invitato!) alla
presentazione del libro "As Prisioneiras — Mães atrás das grades"
(Le detenute - Madri dietro le sbarre), di Isabel Nery (ed. Livros de Seda). Questa
coraggiosa giornalista, che scrive articoli e reportage per la rivista Visão e per varie altre, ha appena
pubblicato il suo primo libro. Per questa impresa ha scelto un tema non facile,
quello delle madri detenute e dei loro figli. C’è da dire che la Nery non è
nuova agli argomenti difficili: ha infatti già pubblicato articoli sul cancro e
organizzato una mostra (che ha avuto molto successo) insieme al fotografo Marcos
Borga intitolata “Vida interrompida” (vita interrotta), descrivendo con testi e
foto il mondo dalla prospettiva orizzontale dei malati ospedalizzati, che
d’improvviso si vedono catapultati in una posizione di grande vulnerabilità. Il
libro “As Prisioneiras” analizza la situazione delle vittime della reclusione
delle donne : i loro figli. Che debbano restare con loro in prigione oppure
vengano affidati a nonni, vicini o istituti, quelli che pagano il prezzo più
alto sono sempre i figli delle detenute. Molto emozionante è stata la
drammatizzazione a opera dell’attrice Maria Almeida, che si è alzata dal pubblico per raccontare in prima persiona la storia
di una di quelle madri e di sua figlia, che dopo aver sofferto per i crimini
commessi dalla madre per droga ha sofferto per la sua assenza dotuva al lungo
periodo di detenzione. Alla fin fine il figlio più piccolo può dirsi più
fortunato, perché è nato in prigione ed è potuto crescere insieme alla madre in
una situazione più equilibrata. Le parole dell’autrice, poi, hanno comunicato
il coinvolgimento, la passione e la capacità di ricerca di questa donna in
questa fatica editoriale che speriamo sia la prima di molte altre.
Il giorno dopo,
grazie a un altro invito (che mi ha davvero onorato), ho conosciuto un gruppo
di donne coraggiose, belle e accoglienti, che da più di vent’anni si aiutano
reciprocamente e aiutano chiunque chieda un sostegno. Quanta forza in tanta
umiltà, quanto amore in quella fermezza!
ISABELLA MANGANI
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