mercoledì 11 luglio 2012

Isabella Mangani - Diário de Lisboa (2)

A nossa aluna, amiga e colaboradora Isabella Mangani está em Lisboa. Da capital à beira Tejo propõe-se enviar, com a regularidade possível, para os leitores de Via dei Portoghesi, um relato da sua viagem...
Boa leitura!


É mesmo de estranhar como esta cidade me proporcione oportunidades a cada esquina e pareça saber o que eu preciso. Na semana passada tive a sorte de conhecer pessoas excecionais, algumas por trás de uma escrivaninha e outras mais de perto, mas todas relacionadas com aspectos da vida mais crus do  aqueles que se costumam aprofundar de férias num País estrangeiro. Mas é isso mesmo, eu não estou de férias. Estou a tirar um curso, sim, mas sobretudo vim cá com a sensação de regressar a pessoas e lugares queridos, e com a vontade de enlaçar e re-enlaçar relações. Conhecer a sombra permite apreciar a luz. E às vezes o sol é forte demais, e gosta-se de ficar na sombra por algum tempo.
Um dia fui com a minha colega Mónica (obrigada por me ter convidado!) ao lançamento do livro "As Prisioneiras — Mães atrás das grades", de Isabel Nery (ed. Livros de Seda). Esta valente jornalista, que escreve artigos e reportagens para a revista Visão e várias outras, acaba de publicar o seu primeiro livro. Para essa empresa escolheu um tema nada fácil de enfrentar: o das mães que são detidas e das suas crianças. Mas Isabel Nery não é uma estreante no que diz respeito aos assuntos embaraçosos: de facto, já publicara artigos sobre o cancro e fez uma exposição que teve muito êxito, juntamente com o fotógrafo Marcos Borga, titulada “Vida interrompida”, descrevendo com textos e fotografías o mundo da perspetiva horizontal das pessoas hospitalizadas, que de repente se veem catapultadas numa posição de grande vulnerabilidade. O livro “As Prisioneiras” examina a situação das vítimas da reclusão das mães: os seus filhos. Quer eles tenham de ficar com elas na cadeia, quer tenham de ficar com avós, vizinhos ou até em institutos, os filhos das prisioneiras são sempre quem mais paga. Muito emocionante foi a dramatização da atriz Maria Almeida, que se levantou do meio do público para contar em primeira pessoa a história duma daquelas mães e da sua filha, que antes sofrera pelos seus crimes relacionados com drogas e depois pela sua ausência devida à reclusão. No fundo, o filhote mais novo teve mais sorte, pois nasceu na cadeia e pôde crescer com a mãe numa situação mais equilibrada. Das palavras da autora, conseguiu-se perceber o envolvimento, a paixão e a capacidade de pesquisa desta mulher, que acabou com este trabalho editorial que esperamos seja o primeiro de muitos.
No dia seguinte, graças a outro convite (do qual fiquei mesmo honrada), conheci um grupo de mulheres corajosas, lindas e acolhedoras, que há mais de vinte anos se ajudam mutualmente e ajudam seja quem for que lhes peça auxílio. Quanta força em tanta humildade, quanto amor naquela firmeza!
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A volte mi soprende notare quanto questa città mi offra opportunità a ogni angolo e sembri sapere di cosa ho bisogno. La settimana scorsa ho avuto la fortuna di conoscere persone eccezionali, alcune dietro una cattedra e altre più da vicino, ma tutte avevano a che fare con aspetti della vita più crudi di quelli che si è soliti approfondire quando si va in vacanza in un paese straniero. Ma è questo il punto, io non sono in vacanza. Sì, sto seguendo un corso, ma soprattutto sono venuta qui con la sensazione di tornare a luoghi e persone amati, e con il desiderio di allacciare e riallacciare rapporti. Conoscere l’ombra consente di apprezzare la luca. E poi a volte il sole è troppo forte, e restare all’ombra per un po’ è piacevole.
Un giorno sono stata con la mia compagna Mónica (grazie per avermi invitato!) alla presentazione del libro "As Prisioneiras — Mães atrás das grades" (Le detenute - Madri dietro le sbarre), di Isabel Nery (ed. Livros de Seda). Questa coraggiosa giornalista, che scrive articoli e reportage per la rivista Visão e per varie altre, ha appena pubblicato il suo primo libro. Per questa impresa ha scelto un tema non facile, quello delle madri detenute e dei loro figli. C’è da dire che la Nery non è nuova agli argomenti difficili: ha infatti già pubblicato articoli sul cancro e organizzato una mostra (che ha avuto molto successo) insieme al fotografo Marcos Borga intitolata “Vida interrompida” (vita interrotta), descrivendo con testi e foto il mondo dalla prospettiva orizzontale dei malati ospedalizzati, che d’improvviso si vedono catapultati in una posizione di grande vulnerabilità. Il libro “As Prisioneiras” analizza la situazione delle vittime della reclusione delle donne : i loro figli. Che debbano restare con loro in prigione oppure vengano affidati a nonni, vicini o istituti, quelli che pagano il prezzo più alto sono sempre i figli delle detenute. Molto emozionante è stata la drammatizzazione a opera dell’attrice Maria Almeida, che si è alzata dal pubblico per raccontare in prima persiona la storia di una di quelle madri e di sua figlia, che dopo aver sofferto per i crimini commessi dalla madre per droga ha sofferto per la sua assenza dotuva al lungo periodo di detenzione. Alla fin fine il figlio più piccolo può dirsi più fortunato, perché è nato in prigione ed è potuto crescere insieme alla madre in una situazione più equilibrata. Le parole dell’autrice, poi, hanno comunicato il coinvolgimento, la passione e la capacità di ricerca di questa donna in questa fatica editoriale che speriamo sia la prima di molte altre.
Il giorno dopo, grazie a un altro invito (che mi ha davvero onorato), ho conosciuto un gruppo di donne coraggiose, belle e accoglienti, che da più di vent’anni si aiutano reciprocamente e aiutano chiunque chieda un sostegno. Quanta forza in tanta umiltà, quanto amore in quella fermezza!

ISABELLA MANGANI

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