A nossa aluna,
amiga e colaboradora Isabella Mangani está em Lisboa. Da capital à beira Tejo
propõe-se enviar, com a regularidade possível, para os leitores de Via dei
Portoghesi, um relato da sua viagem...
Boa leitura!
Boa leitura!
–Não gosto dela.
– Mas é boa!
É só um exemplo dos diálogos que se podem intercetar no Largo da Severa
durante as visitas cantadas gratuitas organizadas pela associação Renovar a Mouraria todos os fins de semana até setembro. Já tive a oportunidade de ouvir –
acompanhados por conjuntos diferentes – Gisela João, Jaime Dias e Ana Sofia Varela (nome que deve ser familiar aos lusófilos romanos,
uma vez que se estreou na Noite de Fado de 2007 no Instituto de Santo António, a primeira a que assisti,
quando este blog nem sequer existia!).
Sempre que a cantora (ou aliás, cantadeira, que parece ainda não ter entrado
em desuso para indicar especificamente as cantoras de fado) ouve “Olh’a fadista!” é um bom
sinal. Ótimo. Regra geral, isto acontece pouco antes dela terminar a canção,
assim como as salvas de palmas começam enquanto ainda está a estilar.
“Outro, outro!” ou “Mais um! Mais um!” são as incitações para que os
músicos continuem a deliciar a plateia ao invés de terminarem para que o grupo
possa continuar a visita do bairro.
“E lembre-se de que a Severa nasceu aqui na Mouraria! O que é esta asneira
de que nasceu na Madragoa?! A Severa era daqui, assim como o Fernando Maurício e a
Argentina Santos!” é o que ouvi gritar apaixonadamente por uma senhora que não
queria deixar que o nosso guia terminasse a sua tarefa. Por falar nisso, a
primeira afirmação da senhora é falsa e as duas últimas verdadeiras.
“A Mariza começou aqui na Mouraria, os pais dela tinham uma tasca mesmo
aqui perto. E a outra também, como se chama...”
Sim, porque o fado é bairrista, e os moradores do bairro também são!
Finalmente, “Oi, veio p’ra a praia… está toda nuazinha…” é, pois claro, uma
das frases que podem sair bondosamente da boca dos prezados senhores (e que,
neste caso, se referia às costas da cantora, coitada).
Para terminar com uma (agora já habitual!) referência à magia deste lugar,
só falta isso: há alguns dias decidi por acaso de voltar a uma excelente
tasquinha que tinha experimentado na semana anterior, assim, porque queria
comer uma boa dourada grelhada (a própria lembrança faz me ficar com água na
boca e esta semana vou lá voltar, com certeza). Sento-me, levanto os olhos e
vejo... o guitarrista Ricardo
Parreira! Não me lembrava do seu nome mas reconheci logo a cara e ao fim do
jantar tive a coragem de o cumprimentar, depois vi que à sua mesa estava também
o violista (e cantor) Ricardo
Oliveira e outro músico que infelizmente ainda nunca ouvi tocar. Tudo isto
é fado, meus amigos.
PS: Na fotografia, os “sapatos namorados” de Gisela João.
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–Non mi piace.
– Ma è brava!
Questo è soltanto
un esempio degli scambi che si possono ascoltare nel Largo da Severa, durante
le visite cantate gratuite organizzate dall’associazione Renovar
a Mouraria tutti i fine settimana fino a settembre. Sono già riuscita ad ascoltare – accompagnati
da musicisti diversi – Gisela
João, Jaime Dias e
Ana Sofia Varela (che
dovrebbe accendere una lampadina nella mente dei lusofili romani, visto che è
stata la protagonista della Noite de Fado del 2007, la prima volta per me,
quando questo blog non esisteva neppure!).
Quando la cantante
(o cantadeira, termine che non sembra
essere ancora andato in disuso per indicare proprio una cantante di fado) sente
“Olh’a fadista!” è un buon segnale. Ottimo. Lo renderei alla romana “Anvedi che
fadista!”. Solitamente succede poco prima che finisca la canzone, così come gli
applausi iniziano mentre sta ancora facendo l’ultima infiorettatura.
“Outro, outro!” o “Mais um! Mais um!” (Un altro!
Ancora uno!) sono le incitazioni del quartiere affinché si continui a deliziare
il pubblico invece di smettere affinché il gruppo continui la visita del
quartiere.
“E si ricordi che
la Severa è nata qui nella Mouraria! Che diamine dice, che è nata nella
Madragoa?! La Severa era di qua, come Fernando Maurício e Argentina Santos!” è
quello che ho sentito gridare con molta passione a una signora che non voleva
lasciar lavorare la nostra guida. Già che ci siamo, la prima affermazione è
falsa e ultime due vere J, e la Severa è il primo mito del fado.
“Mariza ha
cominciato qui nella Mouraria, i genitori avevano un ristorantino qua vicino. E
pure quell’altra, come si chiama...” Sì,
perché se il fado è "bairrista” (campanilista, ma riferito specificamente
a un quartiere) gli abitanti del quartiere (bairro) lo sono altrettanto!
Infine, “Guarda là,
pare che sta sulla spiaggia… tutta scoperta…” è, ovviamente, una delle frasi
che possono uscire bonariamente dalla bocca dei gentili signori (e che, in
questo caso, si riferiva alla schiena della povera cantante).
Per finire con un
(ormai solito!) riferimento alla magia di questo posto, manca soltanto questo: qualche
giorno fa o deciso per caso di tornare in un eccellente ristorantino dove ero
stata la settimana precedente, così, perché volevo mangiare una buona orata
alla griglia (al solo pensiero mi torna l’acquolina e questa settimana ci torno
di sicuro). Mi siedo, alzo gli occhi e vedo... il suonatore di chitarra
portoghese Ricardo
Parreira! Non mi ricordavo il nome ma l‘ho riconosciuto subito e alla fine
della cena ho avuto il coraggio di andare a fargli i complimenti, per poi
vedere che al suo tavolo c’erano anche il chitarrista (e cantante) Ricardo Oliveira e un
altro musicista che non ho ancora sentito suonare. “Tudo isto é fado”, amici
miei. Tutto questo è fatum!
PS: Nella foto, le
“scarpette innamorate” di Gisela João.
1 commento:
"Todo isto é Fado"...todo isto é Lisboa. Obrigado Querida Isabella!!! Abraço
Sérgio
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