lunedì 22 giugno 2015

La parola allo studente: Nicoletta Del Gaudio, "O diretor de orquestra"

Muito belo e comovente, o texto que a nossa aluna Nicoletta Del Gaudio escreveu. Deveria ser um comentário sobre artes performativas, tornando-se numa sentida e saudosa homenagem ao seu Pai, médico, improvisado "director de orquestra" (o título é nosso, não da Nicoletta).
Muito obrigado por partilhar este texto com os leitores de Via dei Portoghesi!




Há muito tempo que não vou ao teatro, e a última vez foi para ver um espectáculo ligeiro, só para me divertir, mas lembro-me muito bem de um espectáculo diferente que aconteceu no Auditorium aqui em Roma.  

Não era uma peça de teatro, mas um concerto de música clássica.  Não sou uma entendida daquele género, como não sou de nenhuma das artes figurativas também, o que não tem importância para mim: porque qualquer forma de arte, na minha opinião, deve emocionar e só se acontece isto, para mim é linda.  Não estou interessada naquilo que as pessoas podem pensar.   

Uma obra deve ter absolutamente este requisito e aquela noite aconteceu a magia.  Não me lembro do título da obra, mas só que foi composta por Mozart. E que, a um certo momento, senti as lágrimas riscar a minha cara e não podia pará-las.  

No primeiro instante não percebi o porquê, pensei só que a melodia era assim doce que suscitava o choro, mas depois de algum tempo, veio-me à ideia um domingo de muitos anos atrás, quando tinha mais ou menos sete anos e o meu pai, no seu consultório, que ocupava uma divisão da nossa casa, escutava este pedaço do Mozart fingindo dirigir uma orquestra que não estava ali.  

Lembrei-me que o olhei sem ser olhada por ele, e fiquei à espera que a música terminasse.  Naquela espera lembrei-me perfeitamente a ternura que senti por  ele, porque o seu rosto estava relaxado, sereno, com um riso leve, pouco revelado pela sua boca.  Para mim, criança, era uma coisa muito rara vê-lo assim. 

Normalmente era severo, o rosto sempre duro, talvez preocupado também pela responsabilidade do seu trabalho (era médico).  Vê-lo assim era uma coisa muito estranha de que eu gostei imenso.  

No concerto lembrei-me de tudo isto e também da imensa dificuldade que marcou a nossa relação por  muito tempo.  Só no final, quando estava muito velho e com necessidade de ajuda, a relação mudou porque ele transformou-se quase em criança e a ternura que senti naquele domingo voltou de novo, tornando-me melhor.

NICOLETTA DEL GAUDIO

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