Texto de extraordinária lucidez e sensibilidade é aquele que nos traz hoje a nossa aluna ROBERTA ZEZZA, a quem muito agradecemos ao publicar este texto que quis dividir com os nossos leitores.
Museu de
imigração de Ellis Island, Nova Iorque
Quantos
pensamentos na palavra “emigração” e todos muitos tristes.
Ontem como hoje? Acho que não. Ontem o mundo era muito menos
povoado e sem globalização. As pessoas moviam-se com dificuldade para outros
países em busca de condições de vida melhores – como hoje em dia – e
encontravam-nas. No principio do século passado milhões de europeus (alemães,
irlandeses, galegos, portugueses e, é claro, italianos) emigraram para as
Américas e Austrália. Só a minha família tem parentes em várias partes dos
Estados Unidos, do Canadá, da Venezuela, do México e da Austrália. Todos
encontraram trabalho, tiveram filhos e uma boa vida. Mas isso aconteceu depois
de muito tempo. No principio para eles era tal como descrito acima na foto que
fotografei no Museu de Imigração de Ellis Island em Nova Iorque, e tal como nos
contavam os nossos parentesno Canadá: cruel e doloroso.
Esta fotografia
sempre me chamou a atenção. Ontem diferente
de hoje? Talvez as pessoas
venham para a Europa porque pensam que “as ruas são cobertas com ouro”. Ao
chegarem aqui descobrem que não é assim e isso é verdade hoje como ontem. Mas os
problemas de hoje são diferentes. O mundo é muito mais rico, mas a riqueza está
nas mãos de poucas pessoas. Além disso, muitas destas pessoas agora fogem não
só da pobreza, mas também das guerras. E no entanto estão dispostos a fazer
qualquer coisa, até pagar criminosos para morrer em pequenos barcos no meio do
Mediterrâneo. E o que é que a Europa está a fazer? A Europa gostaria de
entregar o Prémio Nobel da Paz às ilhas de Lampedusa e Lesbos, porém fecha as
fronteiras, aumenta os controlos e os governos – e os povos – dos vários países
estão tornando-se cada vez mais racistas.
ROBERTA ZEZZA
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