Portugal volta ao jogo decisivo
do Euro 12 anos depois do Estádio da Luz, após despachar o País de Gales
com golos de Ronaldo e Nani numa segunda parte em que mostrou estirpe
de campeão
Portugal volta à final de um Europeu de futebol,
depois de ganhar com nitidez, por 2-0, à seleção do País de Gales em
Lyon, ficando à espera de Alemanha ou França, que se defrontam hoje. Foi
um vitória lógica, a primeira nos 90 minutos, com dois golos rápidos no
início da segunda parte que deram cor a uma superioridade histórica. Um
tiro de cabeça de Ronaldo e um desvio de Nani a um remate do mesmo CR7,
entre os 50 e 53", deram a vitória aos portugueses, que na segunda
parte mostraram consistência de campeão.
A seleção de Fernando
Santos só mesmo depois dos dois golos é que tornou clara a superioridade
sobre uma equipa britânica que, basicamente, já tinha feito o seu
Europeu. A partir desse início da segunda parte, Portugal perdeu depois
dois ou três lances para o terceiro golo. A equipa de Gareth Bale passou
90 minutos sem construir um lance verdadeiramente perigoso e só isso
diz quase tudo de uma meia-final muito desigual.
Portugal mostrou
que ficou no lado "Liga Europa" do quadro mas tinha equipa para a "Liga
dos Campeões", enquanto Gales provou que só mesmo desse lado do caminho
poderia ter chegado tão longe. É a diferença entre as duas equipas, que
ficou expressa na segunda parte. E, se era para a Bola de Ouro, Ronaldo
já a ganhou - mas não era aqui que se jogava, verdadeiramente. Só que
Ronaldo foi mesmo decisivo, com um golo espetacular.
Fernando
Santos escolheu manter a equipa e trocar Pepe por Bruno Alves, por lesão
daquele. Adrien ficou no meio-campo para marcar o motor galês do
Liverpool, Joe Allen, já que no lugar de Aaron Ramsey (castigado) jogou
Andy King, médio do Leicester com golo mas que nunca se libertou ontem. A
seleção portuguesa foi - como sempre - muito certa a defender,
concedendo muito pouco ao adversário, quase sempre mantendo Bale longe
das zonas onde é perigoso. Ou seja, este País de Gales acabou por ser
apenas um convidado de pedra desta meia-final. Mais a mais sem Ramsey,
mais a mais perante uma equipa que também teve a sorte de marcar dois
golos nas suas duas primeiras oportunidades de golo e num espaço de
apenas três minutos logo a seguir ao intervalo. E mais a mais num jogo
em que Bale nunca teve quem o ajudasse - e até podia ter sido expulso,
numa entrada à kung fu sobre Cédric já na fase final do jogo. Um grande
jogador sem uma boa equipa não consegue ganhar. Os galeses ficaram
naturalmente fora da final de Saint-Denis.
A primeira parte
portuguesa foi na linha do que têm sido as últimas da equipa portuguesa -
excelente a impedir o adversário de jogar, inexistente a criar
oportunidades de golo ou remates enquadrados. Houve um em 45", num lance
em que Bale levou a bola de uma área até à outra, chutando à figura de
Patrício. Mas na segunda soltou-se o ketchup em três minutos e tudo se
resolveu. Um canto curto de João Mário para Guerreiro, centro deste e
Ronaldo mais alto do que Chester a cabecear com uma força tal que até
parecia com o pé, sem hipóteses; logo a seguir, um mau corte da defesa
galesa, Ronaldo ganha a bola à entrada área e o remate é desviado,
intencionalmente, por Nani, em posição regular.
Ronaldo empata com Platini
Aos
53" pensou-se que estava tudo resolvido - e estava mesmo. Porque para
defender não há como esta seleção - a menos que a bola ande em
ressaltos... - e por isso Rui Patrício nem teve verdadeiramente uma
defesa difícil. E Ronaldo lá empatou com Platini no número de golos em
Campeonatos da Europa (nove ao todo) e não sei se o (ainda) presidente
da UEFA não vai dizer qualquer coisa até domingo...
Gales mostrou
os limites do seu 3-4-2-1, porque quando foi preciso responder aos golos
de Portugal foi incapaz de virar o jogo, apesar de meter homens para a
frente, como Vokes e Church. Mas na prática não mudou nada, porque o
problema não era só de jogadores, mas de sistema e de mentalidade. Para
os galeses, ter chegado à meia-final foi mais do que alguma vez alguém
pensou que fosse possível. E Joe Allen até devia ter sido expulso já nos
descontos, mas Jonas Eriksson acabou o jogo como o começou, com um erro
grave, porque não tinha marcado um evidente castigo máximo de Collins
sobre Ronaldo, uma gravata prolongada mesmo em frente ao árbitro, logo
aos 10".
Mas nem isso foi preciso para esta seleção chegar à final do Euro pela segunda vez, 12 anos depois.
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