A nossa aluna GABRIELLA MONTALI envia-nos este
texto, que bem demonstra a sua paixão pela música caboverdiana e pela sua Diva
absoluta: Cesária Évora.
Obrigado, Gabriella!
Gostava de falar da “divina Cesária Évora”,
que foi a cantora de “morna” mais famosa no mundo. A “morna” é a música
nacional do arquipélago de Cabo Verde, a antiga possessão portuguesa na África.
A “morna” é uma música lenta, que exprime uma
nostalgia pungente, e representa “o chorinho do povo de Cabo Verde”, um povo na
maioria migrante.
Frequentemente comparada aos “blues”
americanos, a “morna” tem sentidos semelhantes àqueles do fado tradicional de
Lisboa. Como no fado, também na “morna” se fala de amor, de mar, de marinheiros
partidos para terras remotas, e de mulheres que ficaram sozinhas, lamentando a
falta dos homens delas. Numa palavra: na “morna” fala-se de SAUDADE.
E “Sodade” (esta palavra significa
precisamente saudade, no dialeto de Cabo Verde) é o título duma famosa canção
da Cesária.
A “Rainha da morna” nasceu na cidade de
Mindelo (em Cabo Verde) em 1941, e ali morreu em 2011. Dedicou toda a sua vida
à música da sua amada terra, e às raízes dela. Pela sua voz única e carinhosa,
Cesária conseguiu exprimir emoções profundas, e uma infinita doçura, apesar
duma vida muito difícil, começada num orfanato. Foi no coro do orfanato que a
órfã Cesária começou a cantar. Quando era adolescente, foi un marinheiro (o
Eduardo) que lhe ensinou as canções da
tradição popular de Cabo Verde, que ela começou a cantar nos hotéis e nos bares.
Tornou-se rapidamente famosa, mas quase só no seu País: ela ficou muito tempo
quase desconhecida no estrangeiro, até gravar o disco intitulado “A dama
descalça”, no ano 1988, em Paris, quando já tinha 48 anos. Desde então, para
todos, tornou-se “A dama descalça” (costumava cantar de pés nús), e foi uma
artista aclamada em tudo o mundo.
Em Itália cantou também a lindíssima canção
“Quel casinha”, com o Adriano Celentano, numa bela readaptação da famosa canção
“Il ragazzo della via Gluck”.
Como é que eu descobri a “morna”? Foi no
último verão, em Lisboa, ouvindo um grupo de músicos vindos de Cabo Verde, que
tocavam canções deslumbrantes, tão exóticas e românticas.
“Isto é a morna”, diziam. Fiquei encantada,
ouvindo aquela música, à beira do Tejo...
GABRIELLA
MONTALI
1 commento:
...e devido ao texto da Gabriella, os que estão a ouvir morna neste momento em Roma podem sonhar com estar eles também à beira Teijo...obrigada!
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