lunedì 9 luglio 2018

António Marujo sobre o órgão de Santo António dos Portugueses






O ÓRGÃO “ÚNICO NO MUNDO” DE SANTO ANTÓNIO DOS PORTUGUESES
António Marujo, 2 de Julho de 2018

O novo cardeal português foi saudado por 2500 tubos de um órgão “único no mundo”. Ontem, na Igreja de Santo António dos Portugueses, de Roma, o bispo de Leiria-Fátima falou da importância do verbo tocar. Para ele, a música da Igreja deveria falar de comunicação, afecto, ternura e consolação.

O improviso do organista Giampaolo di Rosa no órgão de tubos da igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, marca o momento da entrada processional dos celebrantes: jubilosos, intempestivos, como uma grande aclamação, os 2500 tubos soltam-se e enchem o espaço da bela nave, uma das jóias do barroco na cidade dos papas.

Esse início da missa que o novo cardeal português celebrou ontem em Roma não podia ser mais simbólico: enquanto António Marto, bispo de Leiria-Fátima, incensava o altar, as mãos do organista tocavam os cinco teclados da consola do órgão, enchendo de perfume sonoro o espaço de culto.

Tocar seria também o verbo que, na homilia, o novo cardeal usaria para falar do que deve ser a missão da Igreja Católica nos tempos do Papa Francisco. D. António Marto apareceu vestindo apenas um fato eclesiástico escuro. Na missa, usou apenas o solidéu de bispo, mas não a mitra. O barrete de cardeal, já avisara, só usará em Roma, quando tiver mesmo de ser.

Perante mais de uma centena de pessoas (incluindo dois bispos, uns vinte padres e a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, em representação do Governo português), o cardeal Marto referiu-se ao texto bíblico lido momentos antes para dizer que, tal como Jesus, os cristãos devem tocar e deixar-se tocar por todas as pessoas. “Tocar é uma experiência de comunicação, de afecto, de ternura e consolação. Tocar é aproximar-se do outro, com compaixão.”

Isto afirmava enquanto uma mulher entrava na igreja a pedir esmola. Mãos postas, dirigiu-se a duas ou três pessoas à entrada, sentou-se por uns momentos, voltou a sair. “Jesus toca a miséria humana, comunica a força revolucionária da ternura de Deus”, diria o cardeal, momentos depois. “Os que têm fé são chamados a testemunhar a ternura de Deus, o evangelho da alegria, da misericórdia, da compaixão e da paz.”

Um órgão “único no mundo”

De alegria falou todo o tempo o órgão da igreja, “único no mundo”, como diria o reitor do Instituto Português de Santo António de Roma (IPSAR), padre Agostinho Borges, que gere o espaço de culto. Os três improvisos de Giampaolo di Rosa (no início, no momento do ofertório e no final) pretendiam “criar formas musicais em tempo real”, dizia ao PÚBLICO o organista, no final da missa.

A ideia do órgão nasceu como forma de colocar a Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, no mapa cultural da capital italiana. O reitor falou com o organista Giampaolo di Rosa, que lhe recomendou Jean Guillou, o organista da igreja de Saint Eustache, em Paris. Assim nasceu um órgão de tubos que não é “uma massa sonora”, mas um instrumento com uma grande sonoridade. Para quem escuta, a sensação é de ouvir “como se fossem muitos solistas”, distribuídos pela nave central e pelas capelas laterais da igreja a cantar ou tocar. Uma espécie de surround instrumental de diferentes vozes e timbres, numa envolvência plena sem amplificação electrónica. (...)


O ÓRGÃO “ÚNICO NO MUNDO” DE SANTO ANTÓNIO DOS PORTUGUESES
António Marujo, 2 de Julho de 2018

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