Poetisa tornada Embaixatriz de Portugal, e nessa condição regressada a Roma (por aqui passara nos anos 30 e fizera amigos, como Pirandello), onde viveu na metade dos anos 50, Fernanda de Castro (1900-1994) sentiu-se sempre exilada fora do seu país.
Do seu livro "Exílio" (1952) uma bela poesia para desejar um óptimo mês de Outubro aos leitores da Via dei Portoghesi...
Eu tenho asas!
Piso o chão como pisa toda a gente
mas tenho asas
de impalpável tecido transparente,
feitas de pó de estrelas e de flores.
Asas que ninguém vê, que ninguém sente,
asas de todas as cores.
Pequenas asas brancas que me afastam
das coisas triviais
e as tornam leves, fluidas, irreais
- pólen, nuvem, luar, constelações,
irisados cristais.
Asa branca minha alma a palpitar,
bater de asas o doce ciciar
de pálpebras e cílios.
Ó minhas asas brancas de cetim!
Revoadas de pássaros meus sonhos,
meus desejos sem fim!
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