Desafiámos os nossos alunos a prosseguir a história de Sophia de Mello Breyner, "O Cavaleiro da Dinamarca", depois da chegada deste a Veneza e da pergunta que faz ao Mercador que o hospeda, a respeito do belo palácio que tem diante dos olhos, do outro lado do Canal...
Lá fora, sob a luz azul da lua, Veneza parecia suspensa no ar.
Certa noite, terminada a ceia, o veneziano e o dinamarquês ficaram a conversar na varanda. Do outro lado do canal via-se um belo palácio com finas colunas esculpidas.
- Quem mora ali? - perguntou o Cavaleiro
(...)
Certa noite, terminada a ceia, o veneziano e o dinamarquês ficaram a conversar na varanda. Do outro lado do canal via-se um belo palácio com finas colunas esculpidas.
- Quem mora ali? - perguntou o Cavaleiro
(...)
O primeiro a responder ao desafio foi Rocco Costantino: OBRIGADO!
- Quem?
- Ninguém sabe quem mora ali. Há muitos anos que só se vê a sombra duma Senhora passear sozinha no seu palácio. Quando ela chegou era uma maravilhosa mulher, o seu nome ficou sempre um mistério, um segredo guardado cuidadosamente por poucos homens.
- E tu não sabes o porquê deste mistério?
- No passado perguntei a muita gente a razão do mistério, mas sem nenhum resultado. Apenas uma coisa é certa: a Senhora é muito rica e parece que é também muito triste, sempre sozinha e sempre fechada no seu palácio. Os criados também nunca falam dela ou nunca podem falar.
Enquanto o mercador falava, o Cavaleiro ficou triste por uma solidão tão grande e sentiu o desejo de compreender e conhecer a misteriosa Senhora.
Durante muitos dias o Cavaleiro pensou na Senhora, mas era já tempo de prosseguir a viagem. Na última noite o cavaleiro passeava pelas ruas e pelos canais de Veneza para ver uma última uma vez tantas maravilhas e levá-las no seu coração e na sua memória. Só o luar iluminava Veneza e quando o Cavaleiro chegou ante o palácio misterioso, da escuridão do portão do palácio o Cavaleiro ouviu uma voz :
- Cavaleiro queria conhecer-te, vem sem medo a minha casa.
O Cavaleiro de repente percebeu que a voz da Senhora o chamava e ficando sem palavras entrou no pátio do palácio.
A Senhora caminhava diante dele com uma vela na mão, o cavaleiro seguia-a sem falar e sem uma qualquer razão. Não sentia nenhum medo, tudo lhe parecia normal.
O palácio era maravilhoso, o salão onde chegaram por fim era desmesurado e iluminado por mil velas. No fundo a Senhora estava sentada e sorrindo convidou-o a aproximar-se.
O Cavaleiro notava em si mesmo um sossego, uma segurança, talvez uma tranquila felicidade nunca experimentada antes. Não compreendia a razão disto: talvez fosse um sonho, talvez a Senhora fosse uma feiticeira.
- Cavaleiro, há muitas noites que te vejo às janelas do palácio do Mercador e ao fim de alguns dias apercebi-me de que algo estava para acontecer. Não conseguia pensar noutra coisa e por fim compreendi. Agora estou feliz, estou enfim tranquila, já não quero me esconder agora que te encontrei.
As palavras da Senhora atingiram a alma do cavaleiro com uma terrível doçura, não compreendia - ou talvez não quisesse compreender o porquê. Nesse momento apercebeu-se de que tinha chegado ao fim da viagem, compreendeu que a sua viagem já não valia, o intento de encontrar a felicidade e a paz nos lugares do Cristo estava ultrapassado. A procura acabara, o coração dele dizia-lhe que tinha procurado a Mãe que nunca tinha visto.
Talvez o Mercador e o palácio fossem ilusão, talvez a mãe também fosse só um desejo, mas enfim: mais nada valia, o cavaleiro tinha chegado ao destino e, sorrindo, morreu.
ROCCO COSTANTINO
- Ninguém sabe quem mora ali. Há muitos anos que só se vê a sombra duma Senhora passear sozinha no seu palácio. Quando ela chegou era uma maravilhosa mulher, o seu nome ficou sempre um mistério, um segredo guardado cuidadosamente por poucos homens.
- E tu não sabes o porquê deste mistério?
- No passado perguntei a muita gente a razão do mistério, mas sem nenhum resultado. Apenas uma coisa é certa: a Senhora é muito rica e parece que é também muito triste, sempre sozinha e sempre fechada no seu palácio. Os criados também nunca falam dela ou nunca podem falar.
Enquanto o mercador falava, o Cavaleiro ficou triste por uma solidão tão grande e sentiu o desejo de compreender e conhecer a misteriosa Senhora.
Durante muitos dias o Cavaleiro pensou na Senhora, mas era já tempo de prosseguir a viagem. Na última noite o cavaleiro passeava pelas ruas e pelos canais de Veneza para ver uma última uma vez tantas maravilhas e levá-las no seu coração e na sua memória. Só o luar iluminava Veneza e quando o Cavaleiro chegou ante o palácio misterioso, da escuridão do portão do palácio o Cavaleiro ouviu uma voz :
- Cavaleiro queria conhecer-te, vem sem medo a minha casa.
O Cavaleiro de repente percebeu que a voz da Senhora o chamava e ficando sem palavras entrou no pátio do palácio.
A Senhora caminhava diante dele com uma vela na mão, o cavaleiro seguia-a sem falar e sem uma qualquer razão. Não sentia nenhum medo, tudo lhe parecia normal.
O palácio era maravilhoso, o salão onde chegaram por fim era desmesurado e iluminado por mil velas. No fundo a Senhora estava sentada e sorrindo convidou-o a aproximar-se.
O Cavaleiro notava em si mesmo um sossego, uma segurança, talvez uma tranquila felicidade nunca experimentada antes. Não compreendia a razão disto: talvez fosse um sonho, talvez a Senhora fosse uma feiticeira.
- Cavaleiro, há muitas noites que te vejo às janelas do palácio do Mercador e ao fim de alguns dias apercebi-me de que algo estava para acontecer. Não conseguia pensar noutra coisa e por fim compreendi. Agora estou feliz, estou enfim tranquila, já não quero me esconder agora que te encontrei.
As palavras da Senhora atingiram a alma do cavaleiro com uma terrível doçura, não compreendia - ou talvez não quisesse compreender o porquê. Nesse momento apercebeu-se de que tinha chegado ao fim da viagem, compreendeu que a sua viagem já não valia, o intento de encontrar a felicidade e a paz nos lugares do Cristo estava ultrapassado. A procura acabara, o coração dele dizia-lhe que tinha procurado a Mãe que nunca tinha visto.
Talvez o Mercador e o palácio fossem ilusão, talvez a mãe também fosse só um desejo, mas enfim: mais nada valia, o cavaleiro tinha chegado ao destino e, sorrindo, morreu.
ROCCO COSTANTINO
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