Museu Nacional do Teatro, Maquete do retrato de D.João de Portugal para cenário do 2º acto da peça “Frei Luís de Sousa“.Cª Rey Colaço Robles Monteiro, Baptista Fernandes.
O estudo de alguns excertos da obra imortal de Almeida Garrett, "Frei Luís de Sousa", inspirou a escrita criativa de alguns dos nossos alunos...
Imaginar o que teria acontecido àquela família se, quando estavam chegando os Governadores espanhóis, Manuel de Sousa Coutinho não tivesse pegado fogo ao seu palácio. Será que alguma vez o Romeiro teria chegado à fala com D. Madalena de Vilhena?
Esta é a versão de Vilma Gidaro:
Manuel, segundo marido da Madalena, regressou a casa com uma má noticia: os espanhóis tinham tomado o poder da cidade e queriam que todos os habitantes se submetessem a eles. Disse-lhe também que queria que partissem imediatamente para a casa dela, porque ele havia de pegar fogo à sua casa para demonstrar ao governo espanhol a sua oposição e dar o bom exemplo aos portugueses.
Ela com muita angustia disse a Manuel que não podia pedir-lhe para morar com a sua nova família na casa onde vivia com Dom João de Portugal, sobretudo agora que um peregrino chegado de África, com uma mensagem do seu marido, que estava vivo e cativo desde a batalha de Alcácer-Quibir. Se Dom João fosse libertado e chegasse a Portugal, eles nunca poderiam viver em paz naquela casa.
Ansiosa acrescentou que já estavam em pecado mortal, porque o seu primeiro marido estava vivo e o casamento deles era ilegítimo diante de Deus. Chorava, coitada, com uma desolação tão grande, que o marido decidiu permanecer aí e dar batalha e o bom exemplo de outra maneira. Depois tentou acalmá-la dizendo que tinham de viver no fogo do pecado entre eles, mas que podiam expiar continuando a educar a filha e defendendo o País contra os espanhóis.
No entanto Dom João, depois de 20 anos de prisão sofrida na África, regressou a Portugal e foi à procura da sua mulher, como ela tinha previsto, na casa onde viviam. Chegado ai, encontrou a casa vazia, e temendo pela sorte de Dona Madalena, começou a perguntar por todo o lado o que tinha acontecido a sua mulher.
Por fim encontrou uma vizinha, que quase não o reconhecia. Ela esclareceu-lhe os feitos: Dona Madalena, depois de ter tanto esperado por o seu regresso, tinha decidido casar de novo, com um senhor valoroso, Manuel de Sousa Coutinho e, sem conseguir esconder a sua felicidade, contou-lhe que a Dona Madalena agora era mãe de uma menina de 10 anos, lindíssima e inteligente.
Dom João, a esta noticia, fechou os olhos e desviou um bocado. Estava cansado, e agora confuso e desolado. Não, não podia arruinar a felicidade da sua amada esposa e tanto menos a vida de uma menina deixando-a sem os seus pais. Não, não podia comportar-se como um homem qualquer...
A decisão foi difícil, mas decidiu com grande espírito de sacrifício, tornar-se monge no Mosteiro de São Bento em Santo Tirso e partiu imediatamente para o mosteiro. Três dias depois já estava em paz com Deus e com os homens. Mas o estado de graça durou muito pouco.
Na semana seguinte os espanhóis chegaram a Santo Tirso e deram batalha aos habitantes, os portugueses em resposta, pegaram fogo à cidade, inclusive o mosteiro. No fogo, morreu o novo monge e com ele a história de Dom João de Portugal.
VILMA GIDARO
Ela com muita angustia disse a Manuel que não podia pedir-lhe para morar com a sua nova família na casa onde vivia com Dom João de Portugal, sobretudo agora que um peregrino chegado de África, com uma mensagem do seu marido, que estava vivo e cativo desde a batalha de Alcácer-Quibir. Se Dom João fosse libertado e chegasse a Portugal, eles nunca poderiam viver em paz naquela casa.
Ansiosa acrescentou que já estavam em pecado mortal, porque o seu primeiro marido estava vivo e o casamento deles era ilegítimo diante de Deus. Chorava, coitada, com uma desolação tão grande, que o marido decidiu permanecer aí e dar batalha e o bom exemplo de outra maneira. Depois tentou acalmá-la dizendo que tinham de viver no fogo do pecado entre eles, mas que podiam expiar continuando a educar a filha e defendendo o País contra os espanhóis.
No entanto Dom João, depois de 20 anos de prisão sofrida na África, regressou a Portugal e foi à procura da sua mulher, como ela tinha previsto, na casa onde viviam. Chegado ai, encontrou a casa vazia, e temendo pela sorte de Dona Madalena, começou a perguntar por todo o lado o que tinha acontecido a sua mulher.
Por fim encontrou uma vizinha, que quase não o reconhecia. Ela esclareceu-lhe os feitos: Dona Madalena, depois de ter tanto esperado por o seu regresso, tinha decidido casar de novo, com um senhor valoroso, Manuel de Sousa Coutinho e, sem conseguir esconder a sua felicidade, contou-lhe que a Dona Madalena agora era mãe de uma menina de 10 anos, lindíssima e inteligente.
Dom João, a esta noticia, fechou os olhos e desviou um bocado. Estava cansado, e agora confuso e desolado. Não, não podia arruinar a felicidade da sua amada esposa e tanto menos a vida de uma menina deixando-a sem os seus pais. Não, não podia comportar-se como um homem qualquer...
A decisão foi difícil, mas decidiu com grande espírito de sacrifício, tornar-se monge no Mosteiro de São Bento em Santo Tirso e partiu imediatamente para o mosteiro. Três dias depois já estava em paz com Deus e com os homens. Mas o estado de graça durou muito pouco.
Na semana seguinte os espanhóis chegaram a Santo Tirso e deram batalha aos habitantes, os portugueses em resposta, pegaram fogo à cidade, inclusive o mosteiro. No fogo, morreu o novo monge e com ele a história de Dom João de Portugal.
VILMA GIDARO
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