mercoledì 17 marzo 2010

"Quem corre por gosto não cansa" de Claudia Corbi


A nossa aluna Claudia Corbi, a propóstito da apresentação das expressões idiomáticas, inventou esta pequena história para ilustrar o dito popular: "Quem corre por gosto não cansa"...

Agradecemos o texto que aqui publicamos.


Tio Armando o “arranjador”… correu com gosto e não cansou


Era uma vez o meu tio Armando.
Qualquer coisa não funcionasse, ele arranjava.

Foi assim que, desde que era “um jovem para todo o serviço”, a cidade inteira começou a chamá-lo de “Armando o arranjador”.

Todo começou quando a tão desejada televisão se avariou. A família toda ficou triste, tão triste que à hora de comer ninguém falava, todos olhavam para o prato da sopa mas nenhuma imagem saía dali...

O meu tio Armando tinha então quinze anos e uma tão grande vontade de assistir de novo aos programas de televisão que, depois de muitas desmontagens e remontagens, conseguiu repará-la.

Foi assim que descobriu a paixão dele: concertar coisas. Qualquer coisa! “Eu cá te arranjo!”, dizia ao descobrir um novo “amigo partido”. E levava-o para a oficina, onde passava muitas horas divertidas.

Infelizmente, como na vida nem sempre se faz o que se quer, o tio Armando teve que estudar Direito.
“Eis Armando o advogado arranjador!”, dizia o povo ao vê-lo passar. Muitos preferiam-no como reparador, porque era sempre disponível para todos, e de graça! Só faltava arranjasse cabelos e gravatas!

Durante toda a vida ele se cansava das leis durante o dia e descansava no laboratório à noite. A mulher dele queixava-se, continuamente, porque não compreendia aquele gosto do marido - ela que odiava concertar calças e vestidos:
“ - Eu não entendo porque é que, em vez de descansar, trabalhas à noite também!”
“ - Isto não é trabalho”, respondia ele, “é descanso”.

Agora já ninguém vai à oficina para concertar coisas quebradas: iam aos centros comerciais e compravam aparelhos novos. E o tio Armando foi ficando triste como no dia em que a televisão se avariou.

Morreu um dia, cansado, no seu escritório, deitado sobre uma montanha de livros de Direito.


CLAUDIA CORBI

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