O nosso aluno do primeiro ano, MAURO
CLEMENTI, partilha connosco esta deliciosa história da sua infância, inspirada
no poema de Fernanda de Castro, “Reminiscência”. Obrigado, Mauro!
«A teoria das três cascas de noz (uma história de três meninos)»
Esta é a minha história, de como
eu aprendi que “eu não sei nada”.
Tinha 9 anos e frequentava a
quarta classe da escola primária. Um dia a nossa mestra Renza levou-nos a ver
uma exposição de objetos e fotografias de navegação e do mar que estava na nossa
aldeia. Ali estavam alguns modelos de barcos (à vela, militares etc.) e
lembro-me que foi um lindíssimo dia para mim.
Acabada a visita, a nossa mestra deu-nos
como dever, fazer alguma coisa inspirada no que nós apenas tínhamos visto na
exposição e o tempo para o fazer foi de uma semana.
Alguém pensou em fazer um barco
de papel; outros, desenhos de barcos ou do mar; eu e o meu amigo o Claudio
decidimos construir um grande e magnífico veleiro de madeira.
Todas as tardes dos dias
seguintes nós trabalhámos em casa do Claudio com pedaços de madeira, com
serrote e martelos: o entusiasmo era grande, mas o resultado foi pequeno em
relação a ele!
Assim foi, que no dia da entrega,
somente uma pequena parte do nosso veleiro estava terminada. As pessoas podiam
ver que aquele era um veleiro, mas não havia mais que uma parte do casco. Apesar
disso, nós achámos que o nosso trabalho era grandioso e que a mestra nos ia
premiar como os melhores da classe.
Infelizmente não foi assim. Ela
premiou o Folco, que fez “as três caravelas” e para fazê-las utilizou somente
três cascas de noz, três palitos e três pedaços de papel, unidos com um pouco
de argila por cada casca.
Eu e o Claudio ficámos muito
desiludidos mas a nossa querida mestra Renza explicou a todas as crianças a sua
decisão: “o Folco fez uma cosa muito simples, mas ele terminou o seu trabalho;
pelo contrário o Mauro e o Claudio tentaram fazer uma coisa muito difícil, mas
eles não tiveram a capacidade de acabar seus trabalhos, portanto o trabalho do
Folco é melhor de quelo deles”.
Desde aquele dia eu não esqueci
aquela lição, que eu chamei “a teoria das três cascas de noz”.
Cada vez que, na minha vida,
tenho de decidir alguma coisa, sempre me pergunto: “esta é uma coisa que eu
posso fazer com a minha força e com os meus conhecimentos?” E aquelas poucas vezes que eu esqueci de fazer
este pensamento, foi sempre um desastre.
Esta é a narração de como eu
aprendi que não é verdade que “eu já sei tudo”.
MAURO CLEMENTI
2 commenti:
Uma liçao simples e entao fantastica ! Obrigada !
Muito obrigado!
Posta un commento