mercoledì 30 aprile 2008

Eleições italianas no Diário de Notícias


Notícia publicada esta manhã no diário da capital portuguesa:
http://dn.sapo.pt/2008/04/29/internacional/parlamento_italiano_comunistas_toma_.html


Parlamento italiano sem comunistas toma posse

PATRÍCIA VIEGAS


O novo Parlamento italiano, saído das legislativas dos dias 13 e 14, que deram a vitória a Silvio Berlusconi, toma hoje posse e pela primeira vez desde 1946 nenhum representante comunista vai sentar-se nele.

A Esquerda Arco-Íris, que incluía a Refundação Comunista, os Comunistas Italianos e os Verdes, não ultrapassou a barreira dos 3% de votos e não elegeu nem um único deputado nem um único senador.

Foram vítimas do bipartidarismo que invadiu o país, dizem, culpando o Partido Democrata (PD) do ex-autarca de Roma Walter Veltroni e o Partido do Povo da Liberdade (PDL) de Silvio Berlusconi. Sete em cada dez italianos dizem ter votado numa destas duas formações políticas.

O eleitorado comunista votou sobretudo no PD e no seu aliado Itália dos Valores, de Antonio Di Pietro, conhecido juiz anti-corrupção, mas alguns viraram-se também para o PD e, no Norte, para a Liga Norte - a formação que ameaça pressionar o Parlamento e o Governo para aprovar medidas que defende.

"A Itália aproximou-se do bipartidarismo que já existe hoje na maioria dos países europeus como a França ou a Grã-Bretanha. E não penso que vá haver uma marcha atrás", disse em declarações à AFP o historiador Ernesto Galli della Loggia.

Há, porém, quem tenha outras explicações para a derrota, como Luca Fontana, secretário da secção Che Guevara da Refundação Comunista, partido que, em 2006, chegou a eleger o primeiro deputado travesti . "Nós perdemos as eleições pela primeira vez porque o nosso símbolo, a foice e o martelo, estava ausente e não havia um partido capaz de fazer sonhar as pessoas, de dizer eu quero um outro mundo porque o capitalismo desagrada-me", disse Luca, à reportagem da AFP.

O Partido Comunista italiano e os seus herdeiros sempre estiveram presentes no Parlamento desde a Assembleia Constituinte de 1946. O Partido Comunista italiano chegou a ser o maior do Ocidente. Foi fundado em 1921 e, quatro anos depois, foi proibido pelo regime de Mussolini. Três dias após a queda do Muro de Berlim, em 1989, o secretário-geral do PCI, Achille Occhetto, achou oportuno convocar um congresso para dar nova vida ao partido.

A polémica estala de imediato. Muitos militantes comunistas discordam do projecto de Occhetto. Mas a 3 de Fevereiro de 1991 as conclusões são favoráveis à dissolução do partido e à promoção do Partido Democrático da Esquerda. Mais uma vez há militantes que discordam e formam a Refundação Comunista. Esta vive uma cisão que depois origina o Partido dos Comunistas italianos. Foram estes dois últimos que, em conjunto com os Verdes, se viram arredados do Parlamento nas eleições de há duas semanas.

"A Refundação Comunista já não é um partido do povo. Já não é um símbolo dos que se levantam, como nós, de madrugada para fazer o país funcionar", afirma Cristiano, que ganha 1 050 euros por mês e aos 34 anos ainda vive em casa dos pais, porque não tem dinheiro para comprar uma habitação própria. É um dos muitos chamados mileuristas em Itália. Não têm dinheiro, vivem com os pais, não fazem planos para constituir família. Limitam-se a viver um dia atrás do outro.

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