Roma 29/11/2008, Instituto Português de Santo António – o contexto é a conferência "Roma e l'universalismo delle monarchie portoghese e spagnola"- IV Incontro di Storia delle Monarchie Iberiche Roma, infelizmente o segundo dia das conferências, porque ao primeiro, na Universidade de Roma Tre, não tive a possibilidade de estar presente.
Cheguei ao Instituto 10 minutos antes do horário estabelecido para o início; na maravilhosa sala havia já muitas pessoas e personalidades, e logo encontrei o meu colega Rocco, também ele pronto pela conferência e que me tinha deixado uma cadeira reservada ao lado da sua.
As presenças do Francisco e do Magnífico Reitor, Monsenhor Agostinho, ajudaram-me a não me sentir estranha ao contexto.
Começaram os trabalhos da conferência e eu comecei a tomar notas escritas do que os relatores explicavam... e a pouco e pouco, enquanto decorria a conferência sobre a vida do Padre António Vieira da Companhia do Jesus, compreendi que não seria coisa simples acompanhar os discursos sobre a sua figura.
Em primeiro lugar os relatores delinearam o período histórico de referência (o Jesuíta viveu entre o 1608 e o ano 1697), depois o seu temperamento enérgico e tenaz; a sua dimensão de estudioso de muitas disciplinas: teológica, filosófica e jurídica que lhe deram grande capacidade de relacionar-se com o Rei e a Corte e de conhecer as dinâmicas de Corte.
Não obstante as boas relações na Corte de Dom João IV, ele sofreu quatro anos de processo de Inquisição, devido à sua posição abertamente favorável aos cristãos-novos. Esse processo foi por ele conduzido com muita capacidade e atenção, tornando-se a sua numa figura forte e reabilitada.
O jesuíta foi, na sua vida, embaixador do Rei com missões institucionais quer em Roma, – duas vezes e na segunda por muitos anos – , quer na Haia, esta com escasso sucesso pelas más relações que havia entre Portugal e a Holanda, por causa da hegemonia e predomínio económico sobre as colónias. Foi missionário da Companhia do Jesus no Brasil, onde dedicou grande atenção aos índios e escreveu muito contra a escravidão, que ainda existia não obstante já naquela altura, no reino do Portugal, ter sido proibida através de uma lei que não era cumprida.
O grande trabalho feito por Vieira durante a sua permanência no Brasil e a sua capacidade de escrever e de deixar à humanidade um património de cultura do seu trabalho espiritual e politico é para nós fonte de conhecimento histórico do período pós-descobrimento e colonização que mudaram a historia, não só de Portugal, mas do mundo...
As intervenções da conferência iam seguindo, em italiano e depois felizmente em português, e destas, de salientar a do perfeito professor José Pedro Paiva. Quanto aos discursos em espanhol... tive maior dificuldade em acompanhar.
Enquanto o tempo corria e os vários professores falavam, o meu colega já tinha ido embora, eu continuava a tomar notas e a perguntar a mim mesma... "não é que eu estou a ser soberba, a estar aqui a ouvir coisas mais grandes de mim? a estar num contexto de pessoas que não precisam de tomar notas?", mas apesar de todas as minhas limitações acho que a conferência me deu muito, e que agora eu sei mais acerca de uma grande pessoa que estava muito longe de mim, e que posso agora estudar melhor.
Agradeço por este dia excepcional, para mim.
VILMA GIDARO
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