Agradecemos ao
nosso aluno de nível avançado JAN CLAUS
DI BLASIO esta história tão interessante que ele descobriu em Varsóvia e
que quis partilhar com os leitores de Via dei Portoghesi.
«Como encontrar uma história portuguesa em Varsóvia…»
Há algumas semanas fui à Polónia para
participar numa meia maratona organizada pela associação desportiva vegana
polaca.
Foi para mim a primeira vez para mim que
visitei a capital do país, Varsóvia e decidi passar alguns dias na cidade e os
seus arredores.
Varsóvia é uma cidade estranha porque tem
muita história, mas ela foi quase completamente destruída durante a segunda
Guerra Mundial. A maior parte da cidade foi reconstruída e os turistas que
visitam o país preferem visitar Cracóvia, porque acham que esta cidade é mais interessante
do que a capital.
Eu não concordo com essa opinião: é verdade
que Cracóvia é uma cidade mais bem conservada do que Varsóvia, e que o centro
financeiro e comercial da capital é muito moderno, mas Varsóvia tem um centro
histórico bem reconstruído e, sobretudo, muitos parques enormes e museus.
Varsóvia é bem conhecida pela sua história
judaica e apesar do gueto já não existir, exceto um trecho do muro que separava
o gueto da cidade, seria impossível esquecer a sua longa e complexa história
judaica.
Eu tenho o hábito de levar sempre alguns
livros comigo e, desta vez, escolhi o livro de um escritor americano que mora
em Portugal e que escreve romances históricos sobre a história judaica no mundo
(como o seu excelente O Último Cabalista
de Lisboa). O seu livro é intitulado Os
Anagramas de Varsóvia e tem lugar no gueto durante a ocupação nazi. Ler
este livro deu vida ao gueto desaparecido e eu terminei o livro antes de
visitar o extraordinário museu POLIN (Museu da História dos Judeus na Polónia),
que foi premiado como melhor museu da Europa no ano 2016.
Estou de acordo com esta nomeação porque é um
museu incrível e não foram suficientes duas horas para o ver todo e, de uma
sala para a outra, aprendi muito, diverti-me e também fiquei triste com os
testemunhos e as imagens da vida no gueto e durante o Holocausto.
Mas, na segunda sala, eu notei um detalhe
interessante: um curto texto falava de um certo Gaspar da Gama.
O Gaspar era um judeu de Poznan, na Polónia,
que Vasco da Gama encontrou na ilha de Anjediva (Anjadip), perto de Goa, na
Índia, e que foi convencido pelo grande explorador português a segui-lo para
Lisboa, a converter-se (e herdar o seu apelido de Vasco da Gama, que foi o seu
padrinho) e a tornar-se cavaleiro do Rei Manuel e a conduzir muitas expedições
para a Índia.
Fiquei impressionado com esta história porque
o Gaspar foi verdadeiramente um homem do mundo e a capacidade da adaptação dos
judeus polacos era impressionante: ele falava muitos idiomas (europeus e
indianos) e foi também um dos principais participantes da expedição de Pedros Álvares
Cabral em que se descobriu o Brasil.
Não se sabe muito sobre a sua vida, nem mesmo
onde e como ele morreu, mas foi muito interessante para mim descobrir uma
história portuguesa pouco conhecida num museu polaco!
Para concluir, eu recomendo visitar a cidade
de Varsóvia e os seus museus (como o excelente museu da Insurreição do ano 1944
ou a casa-museu de Chopin em Żelazowa Wola) e, porque não, descobrir, como eu,
histórias portuguesas onde não se espera.
JAN
CLAUS DI BLASIO
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