venerdì 22 novembre 2013

A palavra ao estudante: Alessandro Cannarsa - "Continuação do testo do Eros Olivieri, «Depois do terramoto uma aparente bonança»

Em resposta ao texto de Eros Olivieri publicado aqui há uns dias atrás
http://viadeiportoghesi.blogspot.it/2013/11/a-palavra-ao-estudante-eros-olivieri_15.html
O nosso aluno e amigo ALESSANDRO CANNARSA escreve sobre a ditadura do Marquês de Pombal. Obrigado Alessandro!


O suplício dos Távoras


Tiros durante a noite.

É a noite de 3 de Setembro de 1758: uma carruagem percorre uma pequena rua nos arredores de Lisboa rumo às tendas da Ajuda, o grande e rico complexo de barracas que há quase três anos é a Versalhes da corte portuguesa depois do terrível terramoto.
A importante personagem que viaja na carruagem regressa de uma noite com a amante, Teresa Leonor, mulher de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora, uma das famílias mais poderosas do reino, ligadas às casas de Aveiro, Cadaval, São Vicente e de Alorna. E também inimigos implacáveis de Sebastião de Melo e Carvalho, o futuro Marquês de Pombal.
De repente três homens saem da escuridão, ouvem-se tiros, gritos de dor, ruídos de cavalos a galopar, homens a fugir, homens a seguir. O condutor é ferido gravemente, mas são as condições do passageiro que preocupam os guardas: ele também ficou ferido num braço, mas pôde continuar a viajem para a corte na Ajuda.
Para a sua própria corte, nas tendas da Ajuda: o passageiro é José Francisco António Inácio Norberto Agostinho de Bragança, passado á historia com o nome D. José I rei di Portugal, Príncipe do Brasil e Duque de Bragança.

O despotismo esclarecido.

Não obstante os seus defeitos e os seus vícios, D. José I tive pelo menos um mérito: do ponto de vista histórico não há duvida que o Marquês de Pombal era a justa escolha para a reconstrução de Lisboa. Como diz o amigo Eros: “Chegou à cidade a beleza, a bonança, o orgulho depois do terramoto destruidor”.
Sebastião de Melo e Carvalho era um homem de surpreendente modernidade: em Portugal acabou com a escravatura, com os autos de fé e com a discriminação dos cristãos-novos, incorporou as novas ideias divulgadas pelos iluministas e acabou com o ensino não universitário existente à época. 
Mas a maneira como que tratou o atentado ao Rei revelou também outros aspectos do seu carácter. 

“O lado obscuro da força”.

Enquanto o ataque ficava segreto, Pombal foi muito rápido: dois homens foram presos e torturados até confessar que tinham tido ordens da família dos Távoras, aquela que queria o duque de Aveiro, José Mascarenhas, no trono. Enquanto os dois eram enforcados, foram encarcerados a marquesa Leonor de Távora, o seu marido, todos os seus filhos, filhas e netos, o duque de Aveiro e os genros dos Távoras, o marquês de Alorna, o conde de Atouguia e Gabriel Malagrida, o jesuíta confessor de Leonor de Távora.
Foram todos acusados de alta traição e de regicídio e foram condenados à morte. A execução foi violenta mesmo para a época: as canas das mãos e dos pés foram partidas com paus, as cabeças decapitadas e os restos queimados e as cinzas deitadas ao rio Tejo, tudo isto em frente a uma corte absolutamente desnorteada. O palácio do Duque de Aveiro em Belém foi demolido e o terreno salgado, e Gabriel Malagrida foi enforcado, queimado e a Companhia de Jesus declarada ilegal.
As execuções dos Távoras foram um acontecimento devastador para Portugal: a execução de uma família nobre por uma culpa não provada por certo constituiu um choque e a futura rainha Dona Maria I ficou muito afectada pelos eventos. De facto, o seu desprezo pelo primeiro-ministro foi absoluto: retirou-lhe todos os poderes e expulsou-o: ficou proibida a sua presença a uma distância inferior a 20 milhas da capital!
Conclusão.

Somos homens e partilhamos a mesquinharia e a maldade de todos os homens, mas quanto é triste pensar que também atrás da beleza e da serenidade da nossa maravilhosa Lisboa, cujo aspecto muito é atado á obra desse político genial, houve crimes, traições, crueldades. 

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