lunedì 18 maggio 2015

La parola allo studente: Nicoletta Del Gaudio, "Sobre 'Marido' de Lídia Jorge"

A nossa aluna de nível avançado NICOLETTA DEL GAUDIO comentou desta maneira o conto "Marido" de Lídia Jorge. 
Agradecemos muito e damos os parabéns à Nicoletta pelo seu texto!



Comentário sobre o conto da Lídia Jorge “Marido”

Dignidade: qualidade moral que infunde respeito; respeitabilidade; autoridade moral. (Dicionário Porto Editora)

A dignidade se baseia no reconhecimento da pessoa digna de respeito. Éuma necessidade emocional que todos nós temos de reconhecimento público de se ter feito bem as coisas, em relação a autoridades, amigos, círculo familiar, social, entre outros.  (Wilkipedia).               


Quando alguém rouba a dignidade a um outro ser humano, homem ou mulher, o que sobra? O respeito entre os homens, entre as pessoas é um dos mais importantes e básicos fundamentos duma sociedade civilizada. 

Portanto, eu considero este conto da Lídia Jorge, “Marido”, o conto da falta da dignidade.

Essa falta não é só da porteira! Ela justifica completamente o alcoolismo do marido, a sua violência verbal, as suas maneiras rudes, ainda se ele não lhe reconhece todo o trabalho que ela faz calada, a paciência que lhe demonstra, o carinho que ela ainda tem...

Mas trata-se de carinho realmente? Ou estamos a falar de medo?

Pode-se perceber muito bem que ela tem imenso medo, não só do marido, mas também dos inquilinos do prédio;  está preocupada com aquilo que eles podem pensar, ouvindo os brados do marido quando volta a casa completamente  bêbedo. Ela chega a planear uma nova estratégia para tornar o seu marido quieto, tranquilo, cada vez que voltar a casa:  quer mostrar-se-lhe se logo e assim evitar que ele grite o seu nome quando está na sua procura. Isto é medo, não é carinho, é tentar evitar o pior.  

Mas também o marido não tem dignidade: que homem se pode chamar realmente homem quando está sempre completamente bêbado e não é consciente daquilo que diz e que faz? E mais, como falar de homem se este, que deveria proteger a sua mulher e amá-la, lhe incute medo?     
      
No conto fala-se dum amor doente, que não é sadio. “Ama o teu próximo como ti mesmo”.  Mas a porteira não se ama.  Ela não pensa minimamente em si mesma, no fundo ela pensa que não vale nada, como poderia amar um outro ser humano? E o marido, que amor pode dar se a única maneira de mostrá-lo é incutir medo? Ele não está realmente interessado na sua esposa, não a considera, não pensa que a sua condição de bêbado possa ser perigosa, não a protege e, no fim do conto, este facto será irremediavelmente fatal.

A linguagem que a escritora usa é muito particular, utilizar uma linguagem religiosa, com devoção, evoca  uma atmosfera mágica como aquela que se pode encontrar nas catedrais medievais, e leva o leitor a um suspense que invade o conto até o fim. Percebe-se o estado de espírito da porteira, os seus medos, as suas esperanças, a sua tristeza.  

Reconheci a capacidade de Lídia Jorge capturar a atenção do leitor, que não pode absolutamente parar de ler o conto e tem necessidade de chegar até ao fim.  Não são muitos os escritores que conseguem chegar a este resultado, mas ela foi capaz.

NICOLETTA DEL GAUDIO


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