lunedì 2 febbraio 2015

4/4: Radiana Nigro, “Lemos para sabermos que não estamos sós”


A propósito de uma deixa teatral do texto de Maria Velho da Costa Madame, que na sua estreia no palco estava na boca da atriz brasileira Eva Wilma - no papel de Capitu (a do Dom Casmurro, de Machado de Assis) que contracenava com Eunice Muñoz / Maria Eduarda d’Os Maias - lançámos o repto à nossa turma de nível avançado. Que see screvesse sobre o conceito “Lemos para sabermos que não estamos sós”.


Responderam quatro vozes femininas: as nossas alunas Ferena Carotenuto, Ivana Bartolini, Mariarita Vecchio e Radiana Nigro, com os belíssimos textos que publicamos em seguida e a quem muito agradecemos pelo interesse e pela qualidade dos seus trabalhos.


Virginia Woolf escreveu “Às vezes acho que o Paraíso é um contínuo infinito ler”.

Se é assim, eu queria absolutamente lá ir. A leitura, para mim, é a Vida porque, segundo penso, ela é um verdadeiro instrumento de crescimento pessoal e de ampliação do nosso espaço interior.

As palavras salvam quer quem escreve quer quem lê, contam da nossa vida e convidam-nos a interrogarmo-nos.

Os livros consolam, nutrem, são amigos fiéis e inseparáveis especialmente em momentos de abatimento e solidão. Portanto - como diz Borges - ler é uma maneira importante de  ‘ter cuidado de si próprio’ou então - como ironicamente salienta Woody Allen - é uma ‘acção de legítima defesa’.

Mesmo que seja verdade que a leitura é uma actividade íntima e pessoal não se deve porém negar a sua dimensão social: ler é também um momento de intercâmbio como outros, é descobrirmos nas palavras que encontramos, é dar um nome às nossas emoções, é encontrar amigos que partilham o nosso mesmo caminho.

O facto de perceber que alguém encontrou os nossos mesmos problemas, tem ou teve as nossas mesmas ideias, faz ou fez frente às nossas mesmas dificuldades, dá-nos a conhecer que não estamos sós.

Através das páginas dum livro cada um pode descobrir partes de si mesmo, dar-se conta de que situações, alegrias, dor são comuns também aos outros e assim a leitura vai tornar-se abertura mental em direcção a mundos outros e longínquos.

Alguém, talvez Eco, afirmou que quem não lê, aos 70 anos terá vivido uma só vida, a própria! Pelo contrário, quem lê terá vivido 5.000 anos porque ele viveu também a vida dos outros: ali estava quando Caim matou Abel, quando Renzo se casou com Lucia, quando Leopardi admirava o ‘Infinito’… Porque a leitura é uma ‘imortalidade para trás’.

O prazer da leitura infelizmente não pode ser ensinado -“o verbo ler, como os verbos sonhar e amar,  não suporta o imperativo” (este é Pennac) - mas pode ser transmitido com o exemplo.

Quando alguém for próximo a pessoas que querem ler, e tiver contacto com a paixão que pode ser desencadeada pelos livros, será talvèz possível que – tomara! - a leitura, mesmo se devagarinho, se torne para ele numa necessidade vital, como é para mim.   
    
RADIANA NIGRO

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