Um investigador português
descobre por um telescópio um novo sistema solar com cinco “Terras” Quer dizer:
Deus
brinca connosco.
Começamos com a bandeira: aquela portuguesa é a única que tem um
instrumento astronómico no centro, a esfera armilar.
A esfera armilar era aplicada em
navegação, constando de um modelo reduzido do cosmos, no qual cada planeta
era representado na sua órbita circular ao redor do Sol. A filosofia
aristotélica que era aquela dominante no Ocidente, imaginava os astros como fixos em esferas transparentes e cada uma
possuía um diâmetro compatível com sua distância à terra. A partir da Lua, a mais próxima, depois do Sol, existiam inúmeras outras esferas, uma para cada
planeta, que eram tratados como as estrelas errantes. Embora soubessem que não
existiam esferas de vidros no firmamento, resolveram mesmo assim recriar um
universo em miniatura que pudesse mimetizar a mecânica celeste. Em substituição
das esferas imaginárias de vidro, fizeram vários anéis aos quais deram o nome
de armilas. Antes do advento do telescópio no século XVII, a esfera armilar era um instrumento primário de todos os navegadores na correcção da posição estimada segundo a posição
aparente dos astros. Essa esfera tornou-se num dos emblemas de Dom Manuel I.
A esfera armilar hoje é
obviamente obsoleta porque as órbitas dos corpos celestes representadas pelos
anéis (armilas) não são esféricas mas todas elípticas, como disse alguns
séculos depois Johannes Kepler: Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o sol num dos focos.
Então, Kepler e a esfera armilar não podem
coexistir...
Apesar de tudo, esse sinal fica na
bandeira ainda hoje. Então, os portugueses modernos é necessário terem essa
esfera no ADN, destinados para sempre a navegar em busca de terras novas, ainda
que não haja mais terras novas nessa Terra, mas fiquem afora, ali no espaço cósmico...
Sempre falando na navegação, costuma-se
dizer que Hans Lippershey, um fabricante de lentes neerlandês, construiu em 1608 o primeiro instrumento para a observação de objectos
à distância: o telescópio. O conceito que desenvolveu era a utilização desse
tubo com lentes para fins bélicos e comerciais (navegação) e não para
observações do céu.
O primeiro investigador que apontou
o telescópio para o céu, para investigar os planetas, o sol e as estrelas foi
Galileu Galilei, académico dos Lincei, a primeira Academia de Ciências do
mundo, fundada por Papa Gregório XIII, o mesmo papa do Calendário Gregoriano,
em Roma, em 1603.
Assim temos uma ligação entre o
nosso astrofísico português e Itália, passando pelo telescópio.
Continuando com essa ligação
lógica, o telescópio espacial que permitiu ao astrofísico português Tiago
Campante de descobrir aquele sistema solar no qual fala o artigo, chama-se Kepler,
como o astrónomo que dizia, contradizendo as teorias ptolemaicas e
aristotélicas, que as órbitas são elípticas.
Em breve,
resumindo, um português sem esfera
armilar, mas armado do melhor telescópio americano que há na órbita
terrestre, chamado Kepler, e posse da
NASA, descobriu este sistema solar antiquíssimo,
onde as órbitas dos planetas são... circulares!!!
Deus brinca
connosco, é claro (embora não jogue dados, como dizia Einstein...)
Falando sério, o sistema solar chamado Kepler-444 está na
nossa galáxia, na via Láctea, relativamente perto do nosso Sol. Quando se fala
em astronomia, a palavra “relativamente” é relativa no sentido mais extremo.
Para darmos uma
ideia nas dimensões da Via Láctea, é preciso começar com a noção de ano-luz,
para compreendermos as distâncias: um
ano luz é 9.4607×1015 m.
Eis alguns dados
técnicos da nossa Via Láctea:
Dimensões
|
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Diâmetro do
disco
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~ 100 000 anos-luz
|
Espessura do
disco
|
entre 1 000 e 3
000 anos-luz
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Distância do Sol ao centro galáctico
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~ 26 000 anos
luz
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Outros dados
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Período de translação do Sol ao redor do centro
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225 milhões de
anos
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Sentido de rotação da galáxia
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horário (que bom!)
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Idade estimada
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mais de 13 bilhões de anos
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quatro
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60°
|
entre 100 e 400
bilhões
|
Kepler-444
Acrescento alguns dados técnicos da página web da NASA sobre o sistema solar
K-444.
O sistema solar chamado Kepler-444, com cinco planetas rochosos de tamanho
entre Mercúrio e Vênus, fica a 117 anos luz de nós, na constelação de Lyra. A constelação de Lyra é
visível no hemisfério Norte, e pode ser observada facilmente graças à sua
estrela luminosíssima, chamada Vega, muito evidente nos meses de Verão.
O “sol” Kepler-444 é
uma estrela anã cor-de-laranja, que não possui muitos metais no núcleo. Tem um
rádio de 0,85 (o nosso sol tem 1), uma massa de 0,78 (o nosso Sol tem 1), uma luminosidade
de 0,40 (o nosso sol tem 1), uma temperatura de 5240 °K (o nosso Sol tem uma
temperatura de 5780 °K).
Os planetas são
chamados b, c, d, e, e f, e têm órbitas quase circulares e
muita inclinação, entre 87/89 °. Ficando tão perto da estrela, as órbitas são
muito velozes e o planeta mais longínquo, o f,
cumpre a volta em menos de 10 dias (a nossa Terra precisa de um ano juliano, um
pouco mais de 365 dias; Mercúrio, o nosso planeta mais perto ao Sol, tem uma
órbita de só 88 dias terrestres). O planeta
mais longínquo dos cinco fica muito mais perto do que Mercúrio do Sol. As
temperaturas então devem ser ainda mais extremas do que em Mercúrio (de −173 °C à noite
até 427 °C
durante o dia nas regiões equatoriais; os pólos são sempre à temperatura de −93 °C).
A NASA diz que os
planetas ficam demais perto ao “sol” para terem vida no sentido da palavra que
nós utilizamos.
Ainda estamos sozinhos
no Universo...
FERENA CAROTENUTO
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