lunedì 13 aprile 2015

O dia-a-dia do Matteo

Pedimos aos nossos alunos que escrevessem sobre o seu dia-a-dia... E cada um respondeu a seu jeito, como é óbvio. É com alegria que aqui publicamos alguns desses textos que agradecemos de coração aos alunos.



Um fim de semana 

De onde é que vem o impulso para começar a escrever o meu texto sobre o fim de semana? 

Incontestavelmente do fim de semana, que hoje começa de maneira inesperada, como numa cena dum filme ainda não filmado. Então, neste exato momento, estou sentado tranquilamente, quase com as minhas pernas esticadas, numa cadeira de veludo vermelho perto de uma grande vitrina de uma pastelaria. Não sei se ainda estou a dormir, todavia não quero nunca terminar essa fantasia de que gosto muito...  

Portanto, estou numa pastelaria de onde olho à minha volta e ante o meu paladar (lembro-me que estou aqui para tomar um café com um pastel) é a visão que tenho através das vitrinas que me encanta: a visão das águas do rio que correm sem parar e refletem uma imagem não verdadeira da Catedral: uma Catedral simplesmente imóvel na sua história de mármore, que vai quebrar a própria identidade nos fragmentos refletidos no rio...

Todavia – de repente - a poesia toda desvanece-se e agora já não posso ver a Catedral. No meu campo visual está a entrar um grupo de Japoneses: um exército ou uma equipe inteira de lutadores de sumô que começa a descer do autocarro e a fotografar as ruas, a pastelaria onde estou, os pombos, os cartazes publicitários, também aqueles cartazes com a imagem da Catedral… Porém se eles voltassem os seus olhos para o rio, poderiam olhar e fotografar directamente a Catedral… 

Pode ser que eu fique imortalizado num álbum de memórias de viagem em Osaka: perto dos pombos…

Não sei se ainda estou a sonhar, quero talvez um outro gole do café para me levantar da cadeira (o que há de licor no meu café?).  

Agora outra visão aparece-me: olho a rua em frente de mim: uma rua antiga onde não há quase ninguém; uma mulher passeia; ela vai às compras pelas ruas chiques, talvez vá à cerimónia, ela está muito bem vestida com a maquilhagem delicada, com jóias incríveis e o penteado clássico das mulheres dessa cidade (quase um bolo em merengue, talvez uma tentativa de imitação da Catedral da cidade). Neste momento ela começa a correr, tem pressa: um salto dos seus sapatos desliza na pedra da rua e ela cai; o bolo de merengue vai ficar arruinado, mas ela não parece preocupada: tira os seus sapatos, continua a caminhada de pés descalços e salta as poças de chuva como na fotografia de Cartier Bresson… 

Onde é que eu estou? 

É sábado, são dez e meia e estou em Paris. 

Estamos aqui, os meus pais e eu, por causa da minha irmã: ela vai completar o seu diploma em arquitetura na universidade: às 12.00 vamos assistir à apresentação da sua tese de doutoramento.  Depois – vai ser o melhor momento das nossas curtas férias - vamos tomar o nosso almoço de Reis num restaurante típico com quejios e frango ao vinho assado (adeus colesterol!); também vamos beber muitos copos de vinho tinto; e vou acabar o dia cantando a Marselhesa nas ruas do centro da cidade, talvez de pés descalços, talvez com os japoneses: bêbedo seguramente.  

E no domingo? Não quero pensar no domingo: infelizmente vamos regressar para Itália e na nossa família dizemos que um dia muito chuvoso em Paris é mais emocionante do que um ano ensolarado em Milão…  

MATTEO CANALE

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