Agradecemos à nossa aluna CHRISTINE VITALI este polémico texto, escrito no modo divertido a que habituou os nossos leitores - e a escolha da imagem para o ilustrar. Boa leitura!
A paridade entre mulheres e homens : um triste equivoco
Partilho este meu pensamento convosco: nasceu depois de ouvir este comentário feito por alguns homens “Se uma mulher não é deficiente, eu não vou abrir-lhe
a porta, dada a igualdade.”
IGUALDADE? Quando? Onde? Depois:
o conceito de igualdade abdicou da educação e da cortesia?
Este assunto da igualdade entre
mulheres e homens é sem idade, sem nacionalidade e sem limite. Um resultado imenso foi a possibilidade para
as mulheres, só no século XX, de votar nas eleições e de ter um mínimo de
direitos sobre as crianças que nasciam delas. No tempo das nossas avós, aqueles
direitos ainda não existiam ou eram recentes.
A “metade do céu”, como os
Chineses chamaram as mulheres, foi apenas a “metade de nada” até ontem.
Na Itália do início do século XXI,
infelizmente, tantas mulheres são matadas sem piedade pelo (ex-)marido ou (ex-)companheiro em nome do … amor. A razão é clara: estes
homens acham que a mulher lhes pertence, que é um objeto que não tem direito de
decidir o que fazer com a própria vida.
Porque é que eles continuam a pensar assim,
ainda hoje? O que é que a sociedade faz – ou não faz – pela imagem das
mulheres? Se calhar somos todos culpados desta absurda situaçao? Acho que
sim.
Apesar de ficar, todas as vezes, estupefacta com os horríveis crimes e de condená-los, esta nossa sociedade ( = nós) repara que,
nas televisões nacionais públicas e privadas, todas as mulheres (jornalistas,
apresentadoras ou outras, no verão como no inverno) apresentam-se sempre
vestidas – não, desculpem, despidas - com pernas, ombros e braços desnudos, sem
mencionar o “décolleté” quase sempre generosamente à vista dos espectadores. A
mensagem é clara: “eu sou uma profissional, mas o destaque nesta altura não é para
o que eu estou a dizer, mas para o que eu estou a mostrar-vos”. Provavelmente os
produtores têm medo de perder a atenção masculina, caso as mulheres se vistam
de outro modo. E elas, um pouco para
manter o emprego e um pouco por vaidade, aceitam. Então é muito difícil tomá-las
a sério nestas condições e todos nos acostumamos a vê-las assim.
Tenho uma outra explicação (muito
pessoal): nos estúdios da TV, uma pequena nuvem de clima tropical está a flutuar
sobre a cabeça das apresentadoras enquanto os colegas masculinos,
totalmente vestidos, estao sob uma nuvem fria. Que giro!
Também a publicidade não ajuda a melhorar
a dignidade das mulheres. O assunto é vasto.
A mesma sociedade onsidera normal que uma mulher que tem um trabalho profissional integral seja
também uma perfeita dona de casa, que faça funcionar muito bem a casa e a vida
social e tenha cuidado com o marido, as
crianças e a família toda. Tantos papéis diferentes, tanto cansaço e nenhum tempo
para a propria vida.
Uma sociedade que aceita, para as
mulheres, um salário inferior ao dos homens pelo mesmo emprego.
Este escândalo ainda perdura em todo o mundo apesar duma outra grande
diferença: as despesas das mulheres são muito maiores que as dos
homens. Sabemos que os homens precisam de barbear-se todos os dias, mas se não
o fazem, não é um problema (de facto agora inúmeros homens usam barba).
Enquanto as mulheres devem gastar muito dinheiro sobretudo com a higiene: por exemplo, as menstruações das mulheres que, contando todas juntas,
duram uma media de 10 anos ininterruptos, durante quais obviamente precisam de
proteções íntimas diárias e noturnas que custam (e se não as compram, têm um sério
problema).
A sociedade penaliza as mulheres
na vida profissional e social por causa das ausências delas no trabalho durante
estes períodos e/ou durante a gravidez e/ou depois do nascimento do bébé. Pelo contrário, esta situação deveria ser considerada com gratidão porque é o seguro da
continuidade da humanidade, a esperança da civilização: ter crianças que, tempos depois, vão pagar as pensões dos aposentados (das mulheres,
mas também dos homens – aqui há igualdade).
Já acreditei que, numa próxima
vida, vou ser um homem. Sem repetir os pontos precedentes que todos são a favor
dos homens, e considerando somente o ponto de vista financeiro, poderia poupar dinheiro em todas as despesas
- não tão indispensáveis, mas fortemente aconselhadas pela nossa civilização baseada
na aparência e na saúde - como nos cuidados estéticos, na maquiagem, nos perfumes,
no cabeleireiro; mas também nos sinais da feminilidade, como nos sutiens, na
lingerie (muito apreciada pelos homens), nas bolsas, no guarda-roupa muito
diversificado, nas sapatas, nas jóias. Sem esquecer todos os gastos não reembolsados ligados à saude e à higiene durante a gravidez, a amamentação (repetidos para cada criança) e a menopausa.
Seria um homem rico! Mas seria também
um homem educado e cavalheiro, que abriria a porta a todas as senhoras (deficientes
e não) porque saberia que, exceto para as leis oficiais, a paridade entre
mulheres e homens não existe e jamais existirá. Talvez apenas Marcello
Mastroianni a pudesse discutir.
CHRISTINE VITALI
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