Queria falar das mulheres falando em primeiro lugar da
minha experiência, de quando era uma jovem
que sonhava mudar o mundo.
Nos anos 70 do século passado tinha
aproximadamente vinte anos e frequentava a Universidade.
O mundo mudava rapidamente e tudo o que era "velho"
era contestado.
Eu lia muito, como ainda hoje faço. Lia livros que falavam da escola e educação, da prisão, dos hospícios para os loucos, de todas as instituções que não correspondevam, para mim e
para muitos jovens, ao espírito dos tempos. E discutia e lutava para apoiar os
meus direitos.
Além disso e, sobretudo, era uma
mulher. Não queria ser
diferente por esta razão. Queria e demandava uma vida cheia e completa. Eu estudava
muito e tentava realizar-me no trabalho. Naqueles anos o feminismo mudou muito
as nossas vidas.
Não foi uma coisa fácil porque muitas lutas foram necessárias. Mas eu acreditava que fosse certo lutar. E lutei toda a
vida e fiquei feliz com os meus resultados e com os resultados das mulheres na
sociedade. Muitas mulheres conseguiram importantes atribuições nos campos mais variados.
Agora é muito triste ver que,
enquanto as mulheres ocupam um papel importante na sociedade, no trabalho, na
ciência, na política e que aparentemente não há diferenças,
na verdade as mulheres continuam a
receber geralmente salários inferiores aos dos homens com o mesmo nível do trabalho.
Em muitas coisas, voltámos ao século passado.
É
depois muito importante que a sociedade efetive o direito da mulher sobre a sua
liberdade individual, o seu corpo e a sua mente.
Temos
de pensar nos muitos casos de feminicídio dos últimos tempos. A mulher não é e
não pode ser a propriedade dum homem e a sociedade tem de protegê-la.
Se
isto não acontece, não se pode falar, nem de paridade nem de feminismo, nem de
MATRIA. E o slogan "Eu sou minha" dos anos '70 - onde está agora?
Eu
não consigo encontrá-lo mais.
ANGELA DE CHIRICO
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