A nossa aluna Valentina Maggi, escrevendo acerca das tradições italianas, faz-nos um relato histórico sobre o Carnaval de Veneza. Aqui o transcrevemos, agradeceno à Valentina.
O Carnaval de Veneza é seguramente o Carnaval mais conhecido pelo fascínio que exercitou nos últimos 900 anos desde o documento que faz referência a esta famosíssima festa pela primeira vez. O documento oficial que declara o Carnaval uma festa pública é de 1296, quando o Senado da República declarou feriado o último dia da Quaresma.
Entretanto o Carnaval tem tradições muito mais antigas, que evocam os cultos presentes em todas as sociedades como os Saturnalia latini. De facto, o espírito que animava as classes dirigentes latinas é o mesmo que tinham aquelas de Veneza. As classes mais humildes tinham também a ilusão de tornar-se semelhantes aos potentes, porque tinham a permissão de zombar com os ricos em público, usando uma máscara.
No passado, o Carnaval era muito mais longo e começava a partir do primeiro domingo de Outubro, para se intensificar no dia 7 de Janeiro, e culminar nos dias anteriores à Quaresma. Hoje, o Carnaval dura dez dias e coincide com o período anterior à Páscoa.
Para além disso, os habitantes de Veneza, deixavam as suas ocupações para se dedicar totalmente às diversões. Eram construídos palcos nos campos principais, ao longo da “Riva degli Schiavoni”, na pequena praça e na praça de São Marco. A gente apinhava-se ao redor das atracções como os malabaristas, os saltimbancos, os acrobatas. Os ambulantes vendiam fruta seca, castanhas e doces de todos os tipos.
Os artesãos que fabricavam as máscaras, eram chamados “mascherieri” até ao período do “doge Foscari” e tinham um seu estatuto, datado no Abril de 1436. Pertenciam à franja dos pintores e eram ajudados pelos “targheri” que gravavam rostros pintados em cima do estuque. A máscara não era usada somente no periodo do carnaval, mas em muitas ocasiões durante o ano. A máscara era permitida também no dia de Santo Estêvão, que marcava a data do início do Carnaval de Veneza, onde os venezanes se concediam todas as transgressões que queriam, usando dois diferentes tipos de máscaras : a “Bauta” para os varões e a “Moretta” para as mulheres.
Veneza, grande cidade comercial, já há muito tempo que tem um enlace privilegiado com o Oriente: por esta razão nunca falta, nas edições do Carnaval, algo que continua a ligar esta festa à legendária viagem de Marco Polo em direcção à China, à corte de Qubilai Khan, onde viveu por 25 anos.
Um dos Carnavais que passou à história, é aquele de 1571, na ocasião da batalha do exército cristão em Lepanto, quando no domingo de Carnaval foi preparado um desfile com carros simbólicos: a Fé em cima do trono com o pé sobre o dragão encadeado, seguida das Virtudes Teologais e a Vitória sobranceira à Morte com a foice entre sus mãos, para significar que triunfou ela também.
O Carnaval de Veneza teve um momento de imobilidade depois da queda da República de Veneza, porque foi mal visto por parte dos austríacos e dos franceses. A tradição conservou-se nas ilhas Burano e Murano, onde se continuou a festejar. Somente em 1979 os cidadãos e as associações cívicas se empenharam para que o Carnaval fosse novamente comemorado. Hoje em dia, o Carnaval de Veneza é uma festa na que estão envolvidas redes televisivas e fundações culturais, que chamam uma multidão de gente.
VALENTINA MAGGI
Entretanto o Carnaval tem tradições muito mais antigas, que evocam os cultos presentes em todas as sociedades como os Saturnalia latini. De facto, o espírito que animava as classes dirigentes latinas é o mesmo que tinham aquelas de Veneza. As classes mais humildes tinham também a ilusão de tornar-se semelhantes aos potentes, porque tinham a permissão de zombar com os ricos em público, usando uma máscara.
No passado, o Carnaval era muito mais longo e começava a partir do primeiro domingo de Outubro, para se intensificar no dia 7 de Janeiro, e culminar nos dias anteriores à Quaresma. Hoje, o Carnaval dura dez dias e coincide com o período anterior à Páscoa.
Para além disso, os habitantes de Veneza, deixavam as suas ocupações para se dedicar totalmente às diversões. Eram construídos palcos nos campos principais, ao longo da “Riva degli Schiavoni”, na pequena praça e na praça de São Marco. A gente apinhava-se ao redor das atracções como os malabaristas, os saltimbancos, os acrobatas. Os ambulantes vendiam fruta seca, castanhas e doces de todos os tipos.
Os artesãos que fabricavam as máscaras, eram chamados “mascherieri” até ao período do “doge Foscari” e tinham um seu estatuto, datado no Abril de 1436. Pertenciam à franja dos pintores e eram ajudados pelos “targheri” que gravavam rostros pintados em cima do estuque. A máscara não era usada somente no periodo do carnaval, mas em muitas ocasiões durante o ano. A máscara era permitida também no dia de Santo Estêvão, que marcava a data do início do Carnaval de Veneza, onde os venezanes se concediam todas as transgressões que queriam, usando dois diferentes tipos de máscaras : a “Bauta” para os varões e a “Moretta” para as mulheres.
Veneza, grande cidade comercial, já há muito tempo que tem um enlace privilegiado com o Oriente: por esta razão nunca falta, nas edições do Carnaval, algo que continua a ligar esta festa à legendária viagem de Marco Polo em direcção à China, à corte de Qubilai Khan, onde viveu por 25 anos.
Um dos Carnavais que passou à história, é aquele de 1571, na ocasião da batalha do exército cristão em Lepanto, quando no domingo de Carnaval foi preparado um desfile com carros simbólicos: a Fé em cima do trono com o pé sobre o dragão encadeado, seguida das Virtudes Teologais e a Vitória sobranceira à Morte com a foice entre sus mãos, para significar que triunfou ela também.
O Carnaval de Veneza teve um momento de imobilidade depois da queda da República de Veneza, porque foi mal visto por parte dos austríacos e dos franceses. A tradição conservou-se nas ilhas Burano e Murano, onde se continuou a festejar. Somente em 1979 os cidadãos e as associações cívicas se empenharam para que o Carnaval fosse novamente comemorado. Hoje em dia, o Carnaval de Veneza é uma festa na que estão envolvidas redes televisivas e fundações culturais, que chamam uma multidão de gente.
VALENTINA MAGGI
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