Texto cheio de humor e impecavelmente escrito pela nossa aluna GIULIA BOSSAGLIA, a quem muito agradecemos mais uma colaboração com este blog. O mote era "dar tempo ao tempo", mas saiu este texto sobre uma situação, infelizmente, bem conhecida pela maioria das pessoas...
COMPRAS INFERNAIS
Na passada Sexta, o dia antes do 1º de Maio, decidi, infelizmente, ir fazer compras ao supermercado.
Cheguei lá, e tudo parecia o Inferno de Dante: não sei quantas pessoas, que tinham tido a minha mesma infeliz ideia, a correr por todo lado com as mãos cheias de coisas, crianças a chorar na confusão, gente a chatear-se com outra gente, anúncios (altíssimos) da super-oferta de cenouras de não-sei-onde…parecia o fim do mundo.
Mas, como precisava mesmo de algumas coisas, tinha que me manter firme naquela confusão. E, enfim, cheguei à fila da caixa.
Fila è um eufemismo. Da minha posição nem podia ver o fim dela, nem podia ver a tão querida caixa. Fiquei um bocado assustada, mas tinha que esperar, tinha que ser assim. E como parecia o Inferno, o “Manda-chuva” enviou-me a punição para os meus pecados: mesmo atrás de mim, uma senhora tão pequenina quanto feroz a gritar todo o tempo contra a lentidão da fila. Eu estava lá, a tentar manter-me calma naquela confusão, e ela, pelo contrário, a falar e lamentar-se e ofender pessoas sem parar.
Depois de quase meia hora de cumprimento da minha punição, consegui sair do supermercado com as minhas poucas coisinhas e a pensar em como é sociologicamente interessante observar os italianos em fila (não sei como é noutros países): não sei quantas vezes me aconteceu eu estar em fila nos correios, ou no supermercado, ou nas bilheteiras dos comboios, circundada de gente irritada, zangada, mal educada, que não se lembra que as filas implicam o facto de esperarmos durante um certo tempo.
È nestes pequenos acontecimentos quotidianos que eu vejo como a nossa sociedade nos habitua a correr sempre e a ter medo de perder alguns minutos, e também a esquecer as menores regras de civilização.
Dar tempo ao tempo bem me parece um dito que precisamos de lembrar hoje nas nossas vidas (mesmo para aproveitá-las melhor) e com certeza não só nas filas que vamos encontrar. Mas não seria mal começar por estas pequenas coisas…
GIULIA BOSSAGLIA
Cheguei lá, e tudo parecia o Inferno de Dante: não sei quantas pessoas, que tinham tido a minha mesma infeliz ideia, a correr por todo lado com as mãos cheias de coisas, crianças a chorar na confusão, gente a chatear-se com outra gente, anúncios (altíssimos) da super-oferta de cenouras de não-sei-onde…parecia o fim do mundo.
Mas, como precisava mesmo de algumas coisas, tinha que me manter firme naquela confusão. E, enfim, cheguei à fila da caixa.
Fila è um eufemismo. Da minha posição nem podia ver o fim dela, nem podia ver a tão querida caixa. Fiquei um bocado assustada, mas tinha que esperar, tinha que ser assim. E como parecia o Inferno, o “Manda-chuva” enviou-me a punição para os meus pecados: mesmo atrás de mim, uma senhora tão pequenina quanto feroz a gritar todo o tempo contra a lentidão da fila. Eu estava lá, a tentar manter-me calma naquela confusão, e ela, pelo contrário, a falar e lamentar-se e ofender pessoas sem parar.
Depois de quase meia hora de cumprimento da minha punição, consegui sair do supermercado com as minhas poucas coisinhas e a pensar em como é sociologicamente interessante observar os italianos em fila (não sei como é noutros países): não sei quantas vezes me aconteceu eu estar em fila nos correios, ou no supermercado, ou nas bilheteiras dos comboios, circundada de gente irritada, zangada, mal educada, que não se lembra que as filas implicam o facto de esperarmos durante um certo tempo.
È nestes pequenos acontecimentos quotidianos que eu vejo como a nossa sociedade nos habitua a correr sempre e a ter medo de perder alguns minutos, e também a esquecer as menores regras de civilização.
Dar tempo ao tempo bem me parece um dito que precisamos de lembrar hoje nas nossas vidas (mesmo para aproveitá-las melhor) e com certeza não só nas filas que vamos encontrar. Mas não seria mal começar por estas pequenas coisas…
GIULIA BOSSAGLIA
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