martedì 5 maggio 2009

"A Menina do Mar" - por Angela Di Matteo




…pobre menina, escrava da grande raia! O rapaz estava muito triste e não sabia como ajudar a sua nova amiga.
Mas havia uma coisa que o rapaz, a menina e todos os habitantes do mar não sabiam. Havia muitos anos atrás, a grande raia estava apaixonada por um rei tubarão e não era una raia mas uma maravilhosa sereia. Era a criatura mais linda de todo o mar e ela gabava-se da sua beleza. Tinha o cabelo louro e comprido, os olhos verde-esmeralda e uma boca pequenita e cor-de rosa. A sua voz era estupenda e o seu coração cheio de amor pelo rei. Foi uma paixão muito intensa e da sua união veio à luz una menina bonita que brilhava como brilha a lua durante as mágicas tardes de Verão.
Um dia o rei decidiu abandonar a grande raia (que então não era grande e tão-pouco uma raia) porque estava enamorado de outra. Mas ele não queria ir-se embora sem a sua filha. A grande raia ficou desesperada, queria ficar com o seu namorado e sobretudo com a sua criança. Então o rei tomou uma decisão: ele deixava a filha à sua mãe, mas a bela sereia tinha de deixar a sua beleza. Assim o rei transformou-a numa raia, grande e feia.
Tudo parecia um pesadelo e a grande raia era a nova rainha do mar. A beleza deixou o seu corpo, mas também o seu coração. Agora estava sempre triste e com o passar do tempo esta tristeza transformava-se numa profonda maldade.
Nunca contou esta história à menina, porque tinha vergonha do seu passado. Por medo de ficar sozinha outra vez, reduziu-a à escravidão e nunca a chamou com o seu verdade nome: Raio de Lua. A menina, que agora era simplemente a menina do mar, sem conhecer outro nome, era a bailarina pessoal da raia e não podia deixar o reino marinho: tinha sempre que bailar para ela.
Na realidade não era verdade que a menina não podia deixar a água, esta era só outra mentira da raia, porque como todo o mundo sabe os filhos dos reis podem fazer tudo. Mas a menina tinha outros projectos. Gostava do mar e gostava de bailar, apesar de agora querer ver a terra, por causa do seu novo amigo.
Voltamos agora à nossa história...
O rapaz estava sentado em cima dos rochedos, olhando a água e esperando a menina. Esperou muito tempo e ao cair da tarde adormeceu. Enquanto ele dormia sonhou com um tubarão que contava uma história esquisita, duma sereia, uma raia e uma belíssima menina. Aquilo, de facto, era o fantasma do rei, morto de solidão muitos anos antes. Quando amanheceu o rapaz saltou para a água sem pensar e foi para procurar a menina. Enfim encontrou-a que chorava dentro duma concha e as suas lágrimas trasformavam-se em borboletas marinhas de todas as cores.
O rapaz ficou encantado com esta visão e pegou nela pela mão e trouxe-a para cima dos rochedos. Contou-lhe o sonho mas para ela tudo parecia demasiado absurdo. Então o rapaz decidiu ir ter com grande raia e quando ela ouviu a história os seus olhos encheram-se de lágrimas. Ninguém nunca tinha visto chorar aquela raia malvada, mas agora o rapaz e a menina realizavam que tudo era verdadeiro. Dos olhos da raia desceram pérolas prateadas que se abriram em asas de borboletas: eram sempre os olhos duma sereia, os mesmos olhos da menina.
Depois dum momento de silêncio, a menina correu para abraçar a mãe, porque tinha entendido as razões da raia. Foi um abraço comovedor, feito de carícias e sorrisos.
O rapaz olhava a cena e sabia que agora começava uma nova época para o reino marinho.


ANGELA DI MATTEO

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