lunedì 18 novembre 2013

A palavra ao estudante: ALESSANDRO CANNARSA - "As grandes crises sentimentais de um homem"

Falando nas aulas de português de tempestades, o nosso aluno e amigo ALESSANDRO CANNARSA fez uma leitura interessante do tema, transferindo-o de uma leitura atmosférica a uma leiura antropológica da vida... Aqui fica o texto que muito lhe agradecemos!



As grandes crises sentimentais de um homem

Considere-se um homem, bastante jovem, que tenha boa saúde, um trabalho cansativo mas interessante, amigos e diversões. O que é que um tal ser humano pode fazer para acrescentar o arrepio duma crise na sua vida? É simples: enamora-se.

Fim das diversões, adeus amigos, a saúde de repente dá sinais de que o homem era menos jovem do que pensava, o trabalho que torna-se enfim o único momento em pode evitar a constante pergunta: “Amas-me?”. Entretanto que a noiva apodera-se do que sobeja da feliz existência do pobre fulano e este aprende na própria pele que quando olha o vazio a pensa na perdida felicidade, se ela perguntar “No que é que pensas?”, ele nunca pode responder “Em nada” (risco de morte!) mas sempre: “Pensava em ti…”

Quando o noivado entra em crise, é o momento em que eles resolvem casar-se. Nada de mal pode dizer-se do casamento, o melhor dele é mesmo que nada mal se pode dizer do casamento. A vida conjugal alimenta-se de atenções e presentes, isto é: atenção a nunca esquecer os presentes. Em particular em caso de aniversários: quando um meu amigo comprou uma colar para a sua mulher, ele sé queria pôr-lho ao colo -foi o que ele disse à policia também.

No momento em que o casal não tem mais nada para dizer é quando decide que chegou o momento para fazer um filho. Um filho é um dos investimentos mais vantajosos que exista: um ano inteiro a perder sono e limpar-lhe o rabo até chegar à sua primeira frase: “Dá-me dinheiro!”.

O tempo passa, o casamento envelhece, a paixão vai minguando. E tantas são as tentações… Conhece-se outra mulher, há o cortejando, trocam-se sinais, até chegar ao primeiro encontro às escondidas. “Amo-te”, diz o homem. “Sim, sim”, responde ela, “Mas quando deixas a tua mulher para casares comigo?”.

Os anos passam levando consigo a vida: como é normal, os homens vivem mediamente dez anos menos que as mulheres. Deitado na terra lá está o infeliz gozando o seu descanso. “Tinha os seus defeitos...” - diz a viúva, que ali vai todos os dias levar flores tristes e fedorentas, a outra mulher na mesma situação - “... E tive de suportar coisas que não acreditaria, minha querida amiga. Mas faz-me falta: pensava sempre em mim!”

Alessandro Cannarsa

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