Pedimos
aos nossos alunos de nível avançado do Instituto Português de Santo António em
Roma para escreverem sobre algumas mulheres notáveis da cultura portuguesa. Mauro Clementi escolheu AMÁLIA RODRIGUES.
Obrigado,
Mauro!
Amália Rodrigues, a
Rainha do Fado ou também a Embaixadora da Alma Portuguesa, nasceu em Lisboa em
julho de 1920 como Amalia da Piedade Rodrigues.
Na idade de escola
primária ela já cantava e com 9 anos estreou-se em frente do público; também
ela trabalhou muito cedo, como operária e vendedora de laranjas.
Aos 19 anos, depois
de participar em muitos concursos amadores, ela torna-se cantora de fado
professional no Retiro da Severa.
Este é o início de uma longa carreira de mais de
50 anos. Na primeira parte desta carreira Amália participou em espetáculos de
revista e também em operetas e começou a viajar pelo mundo inteiro (Espanha,
Brasil, França etc.) cantando o Fado, mas também enterpretando muitas canções
em línguas estrangeiras.
Com uma voz única,
muito clara e áspera, o público ficou muito cedo apaixonado por esta imensa
cantora. Em cena, a pequena Amáia trasformava-se num gigante que encantava os
ouvidores.
Em 1945 ela gravou o
seu primeiro disco em 78 rotações, o primeiro de cerca 170 discos!
Com 27 anos de
idade, em 1947 Amália participou como actriz em dois filmes: “Capas Negras” e
“Fado – História de uma cantadeira”.
Na década de 1950,
a sua carreira cresceu ainda mais: concertos pelo mundo todo, outro filme (“Os
amantes do Tejo”) e muitas gravações de discos.
Nos anos 60 ela mora
mais frequentemente em Portugal e grava muitos discos aí. São estes os anos da
melhor produçao musical de Amália, enterpretando, entre outras, canções com
letras de importantes poetas portugueses (Camões, Pedro Homem de Mello, Ary dos
Santos, David Mourão-Ferreira e Alexandre O'Neill).
Na primeira metade
dos anos 70 ela veio muitas vezes cantar a Itália e além disso, gravou dois
lindissimos discos em lingua italiana: “A una terra che amo” em 1973 e “Amália
in Italia” em 1974. O primeiro destes é sobretudo interessante porque inclui
canções antigas e dialectais, como “Vitti ‘na crozza”, “Ciuri ciuri” e
“Tarantella”, aqui nos podemos ver a versatilidade desta grande artista.
Com a revolução de
1974 Amália sofreu um período de esquecimento por ser o Fado considerado um simbolo
do antigo regime.
Na década sucessiva ela grava outros discos, alguns com
letras escritas por ela mesma. A sua voz fica mais quente e dolente que antes,
mas come sempre faz vibrar e emocionar quem a ouve.
Em 1987 finalmente
ela dá um grande concerto na sua Lisboa, no Coliseu.
Ela começa a sofrer
de uma doença nas cordes vocais e por isto nos anos sucessivos a sua actividade
torna-se menos frequente, e os discos são compostos principalmente de velhas
gravações.
Em 1995 Amália
grava com o cantor e violista Roberto Murolo duas pérolas da musica napoletana:
“Anema e core” e “Dicintencello vuje”, estas são proavelmente das últimas
gravações de Amália, que vai morrer a 6 de outubro 1999, na sua casa em Lisboa.
Amália Rodrigues
descansa no Panteão Nacional, na ingreja de Sanra Engrácia.
MAURO CLEMENTI
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