Quem falou de primavera
sem ter visto o teu sorriso,
falou sem saber o que era.
Onda de Cecília Meireles
Quem falou de primavera
sem ter visto o teu sorriso,
falou sem saber o que era.
Pus o meu lábio indeciso
na concha verde e espumosa
modelada ao vento liso:
tinha frescuras de rosa,
aroma de viagem clara
e um som de prata gloriosa.
Mas desfez-se em coisa rara:
pérolas de sal tão finas
- nem a areia as igualara!
Tenho no meu lábio as ruínas
de arquiteturas de espuma
com paredes cristalinas...
Voltei aos campos de bruma,
onde as árvores perdidas
não prometem sombra alguma.
As coisas acontecidas,
mesmo longe, ficam perto
para sempre e em muitas vidas:
mas quem falou de deserto
sem nunca ver os meus olhos...
- falou, mas não estava certo.
CECÍLIA MEIRELES
4 commenti:
Obrigada.
Eu gosto muito de poemas.
Boa primavera!
Angela De Chirico
Belissimo ! E bom dia da poesia !
Uma poesia portuguesa
PROMESSA
És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
e uma poesia italiana
SONO NATA IL VENTUNO A PRIMAVERA
Sono nata il ventuno a primavera
ma non sapevo che nascere folle,
aprire le zolle
potesse scatenar tempesta.
Così Proserpina lieve
vede piovere sulle erbe,
sui grossi frumenti gentili
e piange sempre la sera.
Forse è la sua preghiera
ALDA MERINI
Muito bonitas, Angela! Muito obrigado!
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