martedì 29 marzo 2016

ISABELLA ROSSI - Saúde do corpo e do espírito

A propósito de um simples exercício na aula de Português, a nossa aluna ISABELLA ROSSI escreveu este magnífico texto que quis depois partilhar com os leitores do nosso blogue. Bem-hajas, Isabella, por esta leitura tão profunda, num português tão claro. Muitos parabéns!





Saúde do corpo e do espírito

«Mens sana in corpore sano» é uma famosa citação latina, derivada da uma das Sátiras do poeta Juvenal.

Uma frase, esta, com a qual todos nós crescemos: quem não ouviu os pais, os professores falar sobre este argumento na nossa infância e adolescência?

Quando somos meninos gostamos imenso de nos mexer e não sabemos porquê: somos pura energia fora de controle. Nada é eterno: as lágrimas, a alegria, a raiva. Como por encantamento, esta é uma idade eterna e maravilhosa. O tempo é sempre igual a si mesmo, os dias são intermináveis e nunca parecem acabar: e quando isto acontece, é só para renascer iguais e diferentes num círculo sem fim, pelo menos até a primeira adolescência.
Somos uma perfeita mistura de matéria e imaginação.

O corpo é tudo mas não sabemos tomar cuidado dele: são os adultos que nos ensinam a comer, a vestir e que nos curam quando ficamos doentes .
Aprendemos as bases, mas não conhecemos o equilíbrio (uma palavra sem sentido). Na idade madura conhecemos os excessos, gostamos deles, mas daqui até poucos anos mais tarde, esses mesmos exageros aborrecem-nos.

O corpo grita «piedade!» e, se temos sorte e inteligência, aprendemos a escutar e a compreender o valor desses sinais, disciplinando as energias com a atividades físicas e intelectuais.

Não somos eternos, é a vida que no-lo lembra quando vemos amigos e amados falecer. As pessoas morrem e vão embora como folhas ao vento:  isso é natural. Mas seria melhor e mais aceitável se muitas delas não fossem destinadas a imensos e inúteis sofrimentos, as vezes acrescentados naqueles hospitais que não podem fornecer os serviços necessários para garantir a dignidade, a ternura e a compreensão mínimas que deveriam ser sempre garantidas nestes casos delicados .

Mas, além disso, devemos lembrar-nos que a doença pode nos atingir em qualquer lugar e momento; se excluímos os terríveis e desgraçados casos da vida, podemos viver melhor tendo respeito ao nosso corpo em cada maneira possível: o corpo não é  só um instrumento da mente e do espírito. Não é só matéria, como nos ensinaram.

Nós seres humanos somos tudo isso. E a mente e o espírito percorrem as fibras dos nossos músculos e órgãos na mesma maneira na qual o nutrimento dos alimentos se transforma em carne e sangue.

O corpo lembra-se de tudo, a memoria reside na carne como no cérebro, e quando a mente se esquece dos acontecimentos negativos por remoção, são as partes do nosso corpo que iniciam a doer. O intestino delgado, por exemplo, pode ser afetado pela tristeza que atinge a pessoa e destrói também a clareza mental; no caso de preocupações e excesso de pensamentos, ao contrário, são o baço e o pâncreas a ser stressados e o fígado pode adoecer por causa da raiva e da frustração acumuladas dia a dia.
É por respeito da vida que os nossos comportamentos têm que ter atenção a tudo isto. Mas nós tratamos o corpo como uma máquina e, muitas vezes, pensamos que possa ser reparada simplesmente com medicamentos e operações cirúrgicas. Lembramo-nos da sua importância só quando está doente: na mesma maneira naquela inquinamos o mundo, tratamos a terra e os lixos e fazemos violência sobre a natureza.    

Mas a saúde não é só isso. Na escola aprendemos a pensar, a fazer contas, a escrever textos. Ao longo dos anos, o que antes era um dever torna-se em lazer e aprendemos uma outra forma de nos tratar bem: ler, ir as aulas de qualquer tipo ou ao cinema. Saímos com os amigos para dançar, comer, passear, viajar, para nos maravilhar. Museus, arte, música, política, profissão: aprofundamos as ideias, desenvolvemos as relações sociais: é o triunfo da potência intelectual por um lado, da cura das nossas emoções do outro.
O prazer cresce junto coma a nossa vaidade intelectual.

A lição de Juvenal foi bem aprendida?
Não sei. Realmente. Não sei.

Esta é só a minha reflexão, e vale o tempo desta leitura. Não tenho soluções. Se as tivesse, provavelmente teria escrito poucas linhas de texto.

Embora estes sejam todos elementos que ajudam a viver plenamente, estar bem não é isso, acho, porque não atinge o verdadeiro núcleo do problema. Nos últimos anos aprendemos muitas coisas para melhorar o nosso estilo de vida: a sociedade mudou, há um enorme interesse por outras formas de tomar conta de si próprio. Aprendemos que não é uma derrota ir ao psicólogo e que é verdadeiramente saudável nutrir o nosso espírito. Porque isso é. Psyché em grego é a alma, a nossa real identidade, escondida em baixo de uma interminável sequência de preconceitos transmitidos também pela nossa família. Os ideais não são maus em absoluto. O que é bom para mim pode ser veneno para um outro.

Quem somos nós realmente?
Porqus sofremos? Porquê, quando nos podemos considerar fortunados?
Às vezes o Amor (aquele com o “A” maiúsculo, seja para um amante seja para um amigo ou um filho) funde as coisas: envolve o nosso corpo, a nossa mente, o nosso espírito.
Mas falta sempre qualquer coisa.

Então, acho que “Parar” seja a solução.
O segredo do nosso equilíbrio.
É necessário aprendermos ouvir o silêncio.
Diminuir.
Selecionar.
São estas as pedras angulares onde toda a arquitetura da nossa existência insiste.
E os arcos têm que ser centrados para não ruir como muitas das catedrais góticas conhecidas no mundo.
Sem telhado o incompletas.

Mexer-se demais com o corpo, com a mente, com o amor: encher o vazio
Este, pode ser, o nosso erro maior.

Somos como as catedrais: construções altas que aspiram ao céu, mas cujo equilibro depende dum cuidadoso cálculo entre forças diferentes – que, embora exato, nada pode contra os acontecimentos que não se podem prever - e com criptas, sem luz, cheias de segredos, medos e contradições.


ISABELLA ROSSI 



4 commenti:

matteo borsoi ha detto...

Ho capito solo una minima parte di quello che hai scritto, ma è bastata per poter dire che mi ha emozionato. Mi sembra di leggere il migliore Cicerone: chiaro, fluido, denso di immagini. In una parola: meraviglioso.
Un'ultima cosa: il paragone con la cattedrale è davvero la proverbiale ciliegina sulla torta. Sono ansioso di continuare a leggerti.

. ha detto...

Obrigado Isabella! Queria imenso de tomar esta exata espécie de comprimido, os teus textos, em lugar dos meus fármacos, que embora sejam vermelhos e redondos como a uva, inevitavelmente não têm nem sabor nem o mesmo significado ou o puder! Já me sinto melhor! Preciso de buscar uma maneira de ler ( ou “tomar”) sempre os teus textos, um cada 24 horas, não importa si antes ou depois das refeições!

. ha detto...

...e quel che - tra le varie cose - mi parso più importante in questo testo è il suo svolgersi in ragionamenti che non cercano conferme né pretendono di porsi come possibili risposte... oh finalmente qualcuno che non ci indica cosa fare o cosa NON fare; nessuna comoda o feroce dieta per l'animo o per il punto vita... finalmente un testo schietto e luminoso che evita di ammannirci parole d'ordine sotto la cappa della falsa modestia del suggerimento ( ...lo fanno sempre per il nostro bene, s'intende, ehehe... ). grazie Isabella! ho molto apprezzato. Soprattutto l'idea del corpo che sente e non rimuove; anzi ci segnala quel che chissà perché la mente impoverita e ingolfata si ostina a negare. Non so se il corpo ricordi, lo si dice in genere delle cicatrici, e forse è così: per parte mia sempre mi ho pensato che il corpo sia un inequivocabile termometro del nostro sentire e una naturale estensione del nostro essere; e che dunque contenga allo stesso tempo il nostro presente e passato in una combinazione di opposizioni che hanno l'intelligenza superiore di saper convivere. Altro che carcere dell'anima! res extensa semmai; non un oggetto tra gli oggetti ma un centro sensibile che risuoni dei colori e si illumini nei suoni... Un po' come una tela che accumuli pentimenti del pittore ma che non per questo ne sia appesantita; al contrario vibri per il suo spessore... provate a osservare le mani di un uomo o di una donna. il loro modo di afferrare un oggetto, di muoversi, di piegarsi, se del caso, nel tempo: sono le punte di un ramo che se slanciato e consonante, punterà in alto; se offeso si accuccerà come un salice... bellissimo testo, davvero.

via dei Portoghesi ha detto...

Testo bellissimo di Isabella, profonda lettura del testo, di mtt... Bem-hajam!