Muito obrigado FERENA CAROTENUTO, GIOVANNA SCHEPISI e RADIANA NIGRO!
No final do último ano do meu trabalho em Portugal fui de férias aos Açores com
alguns amigos chegados da Itália. São ilhas lindíssimas e cheias de tesouros
naturais e de aspetos culturais muito
interessantes. Porém a recordação da qual agora quero falar. não é a
da beleza destas ilhas.
Um dia, durante um almoço num
restaurante, na mesa perto da nossa,
chegou um grande grupo de pessoas de diferente idade que começou a
comunicar duma maneira que se me tornou muito intrigante: os mas idosos dirigiam-se ao pequenitos,
talvez os netos, utilizando a língua
portuguesa e os adultos, para facilitar a comprensão dos mais jovens, traduziam
todas as suas palavras para inglês;
depois os jovens respondiam em inglês e todas as suas expressões tinham imediatamente uma tradução
para português em benefício dos mas idosos. E assim foi durante todo o almoço.
Este episódio, junto às bandeiras das diferentes nações que tinha
visto patenteadas em frente de muitos prédios particulares das Ilhas, provocou em mim uma reflexão sobre alguns aspetos da vida portuguesa - e não somente portuguesa. Estava claro que as
bandeiras eram aquelas dos países da emigração portuguesa ao longo dos anos:
França, Suíça, Alemanha, Inglaterra, EUA, Holanda. Bélgica … e que os jovens de segunda ou terceira geração
portuguesa, que estavam sentados perto de mim, tinham esquecido, ou talvez nunca
aprendido, a língua materna.
Estas reflexões confirmavam-me que o tema da
emigração está intimamente ligado a questões relacionadas com a língua e a
cultura, questões que podem ter algumas consequências na identidade dos
indivíduos.
O mundo em que vivemos é cada vez mais caracterizado por pessoas que
saem do país que os viu nascer em direção ao mundo (de qualquer modo eu mesma sou testemunho disso) e no processo de emigração e de integração a língua tem um papel
fundamental até para a trasmissão dos fundamentos básicos da cultura e dos
diferentes valores e hábitos sociais. Então
é necessário que este seja um processo de trabalho mútuo - quer sejamos
emigrantes, quer representantes da comunidade de acolhimento - mesmo que não seja uma tarefa simples como infelizmente verificamos
com os horrorosos recentes acontecimentos. Trata-se portanto dum desafio que
exige bastante trabalho e compromiso mas que, sob a condição que se possam ir
corrigindo as falhas que existem, não tem que ser algo negativo, pelo
contrário.
Portugal é, ao que parece, um bom
exemplo enquanto país de acolhimento e eu pela minha parte, graças ao longo
trabalho no estrangeiro que me levou apartilhar e compreender sensações e sentimentos de ‘outros de mim’, através das relações
pessoais e da convivência direta com diferentes culturas, tenho uma séria convicção: o pensamento
che há uma identidade cultural única e estável hoje é cada vez mais irreal, ou
antes, pode incitar, se mal percebido, aquelas ‘identitades assassinas’ , assim
chamadas pelo escritor franco-libanês Amin Maalouf, que empurram em direcção ao integralismo, ao
radicalismo ao ódio e à violência contra
tudo aquilo que se percebe como ‘outro’, dado que - e com esta ideia eu estou completamente de
acordo con Maalouf- a única identidade que
tem que ser considerada imprenscidível é a pertença de todos nós à
comunidade humana.
RADIANA NIGRO
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