Comentário de uma aluna de Português ao filme "A Corte do Norte" de João Botelho, visto em grupo na passada sexta-feira, dia 31 de Outubro.
O filme "A corte do Norte" de João Botelho é fiel à ideia que Botelho tem do cinema. Ė um filme lento para dar modo aos espectadores de apreciar a fotografia, um filme parecido com a pintura; de facto, o realizador inspira-se em Caravaggio no uso dos cores das imagens, quer nos exteriores, quer nos interiores. As cores são carregadas, escuras, com muito uso de sombras, e também aquelas de vida quotidiana, que assim parecem surreais.
Trata-se dum filme sobre a figura de Emίlia de Sousa, uma actriz teatral casada com um rico aristocrata madeirense – por isso o filme foi gravado, com técnica digital, na Madeira.Emίlia é perturbada pelo encontro com a princesa Sissi, também ela presente na ilha, seguindo um ideal de emancipação que dará escândalo. A vida de Emίlia, de consequência, mudou a ponto de decidir desaparecer no recife perto da “Corte do Norte”, onde as inúteis buscas do seu corpo e o enterramento de um caixão vazio permanecerão um mistério que terá suspensas todas as mulheres da sua dinastia, geração após geração, até chegar a Rosamund.
Para mim a compreensão do filme foi difícil, porque estava mais aplicada a compreender as palavras, os diálogos, e a ouvir a pronúncia; a minha aproximação ao filme foi portanto errada, não conhecendo Botelho, mas as imagens de vez em quando atingiam-me como chicotadas fortes, dando-me algum aborrecimento.
O filme deu-me tristeza por causa das vidas das mulheres protagonistas – grande a capacidade de Ana Moreira que as encarnou a todas; eles são todas fora do próprio tempo, desde a figura de Emília e da princesa Sissi. Todas a fazer contas com um ambiente burguês e cheio de fanatismo beato. Condenadas, escarnecidas e estigmatizadas como prostitutas, de tal modo que escolhem de desaparecer ou morrer – cena cruentíssimas, aquela do enforcamento de Águeda – para fugir a estruturas social e familiar falsas e dolorosas, que não têm em consideração a vontade pessoal e a interioridade delas, como em geral em relação às mulheres.
VILMA GIDARO
O filme "A corte do Norte" de João Botelho é fiel à ideia que Botelho tem do cinema. Ė um filme lento para dar modo aos espectadores de apreciar a fotografia, um filme parecido com a pintura; de facto, o realizador inspira-se em Caravaggio no uso dos cores das imagens, quer nos exteriores, quer nos interiores. As cores são carregadas, escuras, com muito uso de sombras, e também aquelas de vida quotidiana, que assim parecem surreais.
Trata-se dum filme sobre a figura de Emίlia de Sousa, uma actriz teatral casada com um rico aristocrata madeirense – por isso o filme foi gravado, com técnica digital, na Madeira.Emίlia é perturbada pelo encontro com a princesa Sissi, também ela presente na ilha, seguindo um ideal de emancipação que dará escândalo. A vida de Emίlia, de consequência, mudou a ponto de decidir desaparecer no recife perto da “Corte do Norte”, onde as inúteis buscas do seu corpo e o enterramento de um caixão vazio permanecerão um mistério que terá suspensas todas as mulheres da sua dinastia, geração após geração, até chegar a Rosamund.
Para mim a compreensão do filme foi difícil, porque estava mais aplicada a compreender as palavras, os diálogos, e a ouvir a pronúncia; a minha aproximação ao filme foi portanto errada, não conhecendo Botelho, mas as imagens de vez em quando atingiam-me como chicotadas fortes, dando-me algum aborrecimento.
O filme deu-me tristeza por causa das vidas das mulheres protagonistas – grande a capacidade de Ana Moreira que as encarnou a todas; eles são todas fora do próprio tempo, desde a figura de Emília e da princesa Sissi. Todas a fazer contas com um ambiente burguês e cheio de fanatismo beato. Condenadas, escarnecidas e estigmatizadas como prostitutas, de tal modo que escolhem de desaparecer ou morrer – cena cruentíssimas, aquela do enforcamento de Águeda – para fugir a estruturas social e familiar falsas e dolorosas, que não têm em consideração a vontade pessoal e a interioridade delas, como em geral em relação às mulheres.
VILMA GIDARO
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