mercoledì 26 novembre 2008

"Vale Abraão" de Maria Paola Satolli

Quinta do Vesúvio, no Douro, onde Ema morreu sozinha.


Então, querem saber o que pensamos do filme? Vou tentar escrever no meu balouçante português… nunca escrevi sobre um filme!

Tenho dizer que gostei do filme. Ou, talvez, é melhor dizer que eu compreendo porque é que esse filme é considerado lindíssimo. Para mim, era um pouco lento, mas sei que esta é a sua particularidade.

Gostei da representação da Ema (adulta), uma personagem a cuja beleza é, para mim, completamente obscurecida para o seu incrível egoísmo. Um egoísmo que quase “justifica” a sua completa falta de respeito relativamente ao marido (deixando-se namorar em frente dele), às suas filhas (abandonando-as quando eram meninas, e depois instaurando uma relação com o possível pretendente duma delas) e, naturalmente, a ela mesma.

A Ema contenta-se de ser um objecto do desejo masculino, através da sua atitude provocatória, que já tinha quando era menina. Ela contenta-se de relações superficiais, porque só tenta ser apreciada pelos outros, sem nunca aprender a apreciar-se a ela mesma.

Acho que, no fundo, ela è a realização do que o cantor de Ópera lhe disse durante o jantar: ele fala sobre uma nova concepção do amor, fala duma sociedade onde o sentimento se transformou num acessório, onde os homens e as mulheres ainda não compreendem que podem amar-se, em todo o seu significado e expressões, com qualidade. Ninguém disse que isso é fácil: mas o que é que nos resta no fim, se nos comportamos sempre com superficialidade?

A Ema escolhe um caminho diferente, que só pode deixá-la totalmente insatisfeita. Os seus homens vão deixá-la sozinha, porque vão considerar as suas aspirações pessoais mais importantes daqueles da mulher.


A Ema, na última cena, morre sozinha, no mesmo lugar onde a sua vida de traições começou.
Morre (vestida com as cores do seu casamento, se não erro) duma maneira tão estúpida que quase me fez rir, se a confronto dos tons graves e pesados do filme.


Um comentário rápido sobre do marido (eu sei, já superei as 3-4 linhas!): mesmo se sabe que nunca será amado por a Ema, e mesmo se conhece a sua natureza (como parece pelo diálogo com o pai dela), ele decide não fazer nada. Era demasiado débil para impor-se, ou talvez tenha decidido amá-la em toda a sua complexidade.


MARIA PAOLA SATOLLI

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