O "meu" Português e o "Faustdipessoa"
Antes de tudo tenho de dizer que estou vivendo um sonho….
Eu, que não sabia nada de um país como Portugal, e que em 2005 o descobri só por sorte, começo a entrar na cultura portuguesa de formas diferentes. Por isso tenho de agradecer em primeiro lugar à minha amiga Lúcia, que me pediu para a acompanhar na primeira viagem a Portugal, à minha mãe que em Setembro de 2006, antes de morrer, me ajudou a acreditar na possibilidade de estudar uma nova língua aos 44 anos de idade, aos meus professores – em especial ao Duarte Manuel Pinheiro, meu capaz, rigoroso, disponível e sensível professor desde o inicio. Ao Instituto Português de Santo António, que me acolheu em território português em Roma, e que me dá sempre a sensação de estar já entre num sonho... e agradeço, também à minha turma, que está sempre pronta a ouvir-me e a estar-me próxima com uma grande atenção.
Todo este discurso para tentar de explicar as sensações que tenho depois de ter visto na noite do 13 Novembro a obra teatral "FaustdiPessoa" de Luciana Grifi, com encenação de Sergio Basile no Colosseo-Nuovo Teatro.
A primeira sensação está ligada à numerosa e heterogénea presença de pessoas que, como eu, estão a estudar e a começar, em várias maneiras, a tornar seu Portugal, a língua e a cultura portuguesa, só por amor. Uma relação com Portugal que é, para quase todos, não imposta mas procurada: querida!
Partilhar esta coisa com tão grande número de pessoas deu-me muita alegria.
Outras sensações são aquelas sobre a própria representação, que tento sintetizar.
Gostei muito da sua estrutura: cenas, luzes, música, adereços, atmosfera que, para mim, foram bem escolhidos para representar a época da história vivida por Fernando Pessoa e Ofélia (anos 1920-30). Muito apreciáveis as fotografias projectadas sobre a “porta da cena”.
Gostei menos da caracterização da figura de Pessoa e da etérea Ofélia; assim propostos, dão uma visão, para mim, exagerada e longe do amor que se passou entre eles.
Desaprovei, talvez, porque tenho uma ideia sagrada de Fernando Pessoa, um Pessoa demasiado ridicularizado – ainda que, é verdade, o amor ponha as pessoas a ridículo – mas teria de ser representado um amor mais sonhador, mais poético, menos cheio de mimalhices. A Ofélia, então, não parece uma jovem mulher seduzida pela forte personalidade (e não só uma) do escritor, muitos anos mais velho do que ela, mas uma mulher teimosa.
Melhor achei a representação do Diabo, que me pareceu mais correspondente à visão que Pessoa dava dele.
No conjunto acho que foi uma boa experiência para reter os meus olhos sobre um dos aspectos do génio português.
VILMA GIDARO
Eu, que não sabia nada de um país como Portugal, e que em 2005 o descobri só por sorte, começo a entrar na cultura portuguesa de formas diferentes. Por isso tenho de agradecer em primeiro lugar à minha amiga Lúcia, que me pediu para a acompanhar na primeira viagem a Portugal, à minha mãe que em Setembro de 2006, antes de morrer, me ajudou a acreditar na possibilidade de estudar uma nova língua aos 44 anos de idade, aos meus professores – em especial ao Duarte Manuel Pinheiro, meu capaz, rigoroso, disponível e sensível professor desde o inicio. Ao Instituto Português de Santo António, que me acolheu em território português em Roma, e que me dá sempre a sensação de estar já entre num sonho... e agradeço, também à minha turma, que está sempre pronta a ouvir-me e a estar-me próxima com uma grande atenção.
Todo este discurso para tentar de explicar as sensações que tenho depois de ter visto na noite do 13 Novembro a obra teatral "FaustdiPessoa" de Luciana Grifi, com encenação de Sergio Basile no Colosseo-Nuovo Teatro.
A primeira sensação está ligada à numerosa e heterogénea presença de pessoas que, como eu, estão a estudar e a começar, em várias maneiras, a tornar seu Portugal, a língua e a cultura portuguesa, só por amor. Uma relação com Portugal que é, para quase todos, não imposta mas procurada: querida!
Partilhar esta coisa com tão grande número de pessoas deu-me muita alegria.
Outras sensações são aquelas sobre a própria representação, que tento sintetizar.
Gostei muito da sua estrutura: cenas, luzes, música, adereços, atmosfera que, para mim, foram bem escolhidos para representar a época da história vivida por Fernando Pessoa e Ofélia (anos 1920-30). Muito apreciáveis as fotografias projectadas sobre a “porta da cena”.
Gostei menos da caracterização da figura de Pessoa e da etérea Ofélia; assim propostos, dão uma visão, para mim, exagerada e longe do amor que se passou entre eles.
Desaprovei, talvez, porque tenho uma ideia sagrada de Fernando Pessoa, um Pessoa demasiado ridicularizado – ainda que, é verdade, o amor ponha as pessoas a ridículo – mas teria de ser representado um amor mais sonhador, mais poético, menos cheio de mimalhices. A Ofélia, então, não parece uma jovem mulher seduzida pela forte personalidade (e não só uma) do escritor, muitos anos mais velho do que ela, mas uma mulher teimosa.
Melhor achei a representação do Diabo, que me pareceu mais correspondente à visão que Pessoa dava dele.
No conjunto acho que foi uma boa experiência para reter os meus olhos sobre um dos aspectos do génio português.
VILMA GIDARO
Nessun commento:
Posta un commento