mercoledì 19 novembre 2008

Visão pessoal do "Faustdipessoa", de Vilma Gidaro

Agradecemos do coração à Vilma Gidaro, estudante apaixonada da língua e da cultura portuguesas, as palavras que escreveu acerca do ambiente em que estuda português e do que sentiu na noite de 13 de Novembro, em que mais de 150 pessoas, ligadas por Pessoa, se reuniram no Colosseo-Nuovo Teatro para ver a peça de Luciana Grifi, "Faustdipessoa".


O "meu" Português e o "Faustdipessoa"

Antes de tudo tenho de dizer que estou vivendo um sonho….
Eu, que não sabia nada de um país como Portugal, e que em 2005 o descobri só por sorte, começo a entrar na cultura portuguesa de formas diferentes. Por isso tenho de agradecer em primeiro lugar à minha amiga Lúcia, que me pediu para a acompanhar na primeira viagem a Portugal, à minha mãe que em Setembro de 2006, antes de morrer, me ajudou a acreditar na possibilidade de estudar uma nova língua aos 44 anos de idade, aos meus professores – em especial ao Duarte Manuel Pinheiro, meu capaz, rigoroso, disponível e sensível professor desde o inicio. Ao Instituto Português de Santo António, que me acolheu em território português em Roma, e que me dá sempre a sensação de estar já entre num sonho... e agradeço, também à minha turma, que está sempre pronta a ouvir-me e a estar-me próxima com uma grande atenção.

Todo este discurso para tentar de explicar as sensações que tenho depois de ter visto na noite do 13 Novembro a obra teatral "FaustdiPessoa" de Luciana Grifi, com encenação de Sergio Basile no Colosseo-Nuovo Teatro.

A primeira sensação está ligada à numerosa e heterogénea presença de pessoas que, como eu, estão a estudar e a começar, em várias maneiras, a tornar seu Portugal, a língua e a cultura portuguesa, só por amor. Uma relação com Portugal que é, para quase todos, não imposta mas procurada: querida!
Partilhar esta coisa com tão grande número de pessoas deu-me muita alegria.
Outras sensações são aquelas sobre a própria representação, que tento sintetizar.
Gostei muito da sua estrutura: cenas, luzes, música, adereços, atmosfera que, para mim, foram bem escolhidos para representar a época da história vivida por Fernando Pessoa e Ofélia (anos 1920-30). Muito apreciáveis as fotografias projectadas sobre a “porta da cena”.
Gostei menos da caracterização da figura de Pessoa e da etérea Ofélia; assim propostos, dão uma visão, para mim, exagerada e longe do amor que se passou entre eles.
Desaprovei, talvez, porque tenho uma ideia sagrada de Fernando Pessoa, um Pessoa demasiado ridicularizado – ainda que, é verdade, o amor ponha as pessoas a ridículo – mas teria de ser representado um amor mais sonhador, mais poético, menos cheio de mimalhices. A Ofélia, então, não parece uma jovem mulher seduzida pela forte personalidade (e não só uma) do escritor, muitos anos mais velho do que ela, mas uma mulher teimosa.
Melhor achei a representação do Diabo, que me pareceu mais correspondente à visão que Pessoa dava dele.
No conjunto acho que foi uma boa experiência para reter os meus olhos sobre um dos aspectos do génio português.

VILMA GIDARO

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