mercoledì 19 novembre 2008

"Tecnologia e comunicação" de Denise Molica

A estudante de Português Denise Molica respondeu ao nosso repto e escreveu um texto dee norme qualidade qu nos deu autorização de aqui publicar. Obrigado, Denise!


Tecnologia e comunicação

Os grandes desenvolvimentos das últimas décadas nas tecnologias de informação alteraram completamente a nossa maneira de comunicar com os outros. Talvez, fosse interessante definir, antes de tudo, o que é que significa “comunicar”, se isso é só uma troca de informações, ou se pressupõe uma relação mais profunda. Também uma abordagem histórica poderia ser útil: da evolução da comunicação interpessoal à comunicação virtual, uma abordagem que comece das representações icónicas nas cavernas de Altamira, até ao Facebook. Assim, seria mais possível perceber como é que aconteceu aquela que me parece quase uma mudança genética: do “homo loquens e pictor” ao “homo digital”.

A comunicação do homo loquens era fruto de uma habilidade intelectual, manual e emotiva, mas é verdade que as suas mensagens estavam muito reduzidas em termos de difusão. A invenção e a inovação dos meios impressos (livro e jornal) e tecnológicos (cinema, rádio e televisão) amplificaram as mensagens para um público numeroso e heterogéneo. Entretanto, parece que a evolução tecnológica iria propiciar o aparecimento de uma nova forma comunicativa. A Internet, por exemplo, já esta a alterar a nossa noção de tempo, de espaço e de sociabilidade. A rede é a ideia chave, porque significa que estamos perante um universo comunicativo em que tudo está ligado, em que o valor é dado pelo estabelecimento de uma conexão, de uma relação, embora seja superficial. E na medida em que a conectividade é efectuada através de um ecrã, esta nova comunicação é “virtual”. Para mim, esse adjectivo não deve entender-se como oposto a “real” mas como forma de visualizar e manipular informações, interagindo com o mundo através de um ecrã. O que faz a grande diferença entre o ecrã televisivo da era dos mass-media e o ecrã informático, é que a televisão traz o mundo publico para dentro de casa, enquanto com a internet o mundo interior de cada individuo é levado para o espaço publico, para o mundo interpessoal.

Eu não sou uma pessoa anti-tecnológica: o computador e a internet facilitam bastante a minha vida no sentido do trabalho, mas é preciso reconhecer os limites. A internet submerge-nos pela quantidade de informações, o que não faz de nós necessariamente pessoas mais informadas ou que sabem comunicar melhor. A tecnologia permite-nos comunicar mais rápido, mas a profundidade das comunicações é muito mais fraca e superficial. Vejo muitos amigos que se sentem perdidos sem o seu mail ou internet e que precisam “viver” também no Double Life. Talvez porque as fronteiras entre real e irreal fornecidas pela internet são as únicas que ainda não precisam de passaporte, a gente gosta tanto de cruzá-las sem limites.

Acho que a tecnologia nos ajuda a trocar informações mas não podemos delegar o nosso mundo interpessoal, as emoções, que são a vida real e a verdadeira comunicação, aos meios tecnológicos. No vazio existencial promovido por esta era, parece-me que hoje, mais do que nunca, todos nós precisamos de estabelecer relações profundas e lembrar-nos, de vez em quando, do nosso velho, esquecido homo loquens e pictor.

DENISE MOLICA

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