Os alunos que participaram, no ano passado, nas actividades de sábado da Faculdade de Letras da Roma Tre, assistindo ao ciclo de cinema português "a preto e branco", lembram-se certamente dela: a "menina bonita" do cinema português, Milú, faleceu ontem, em Cascais.
Como nos diz a notícia publicada na edição de hoje do Diário de Notícias, de Maria João Caetano, Milú foi uma precursora e uma verdadeira estrela popular. Aqui fica o artigo e a nossa saudade.
Chamava-se Maria de Lurdes de Almeida Lemos mas todos a conheciam como Milu, a primeira vedeta do cinema português. Tinha 82 anos e uma beleza rara, que manteve até ao dia da morte, que aconteceu ontem, na sequência de uma infecção respiratória.
A primeira vez que aparecia em O Costa do Castelo já trazia um sorriso aberto e uma voz cantada com que anunciava "bom dia". Estava tudo lá. O olhar lânguido num rosto ingénuo, corpo de formas perfeitas numa personagem de menina bem comportada. Milu, que tinha apenas 16 anos, tornou-se imediatamente uma figura popular, e sua voz ficaria para sempre associada aos temas Cantiga da Rua e A Minha Casinha.
Mas a sua carreira tinha começado muito antes. Desde miúda que trabalhava na Rádio Graça e na Rádio Sonora, fazia recitais e jogos florais, gravava discos. Em 1938, aos 11 anos, estreou-se no palco do Eden-Teatro como vedeta da revista infantil O Preto Mazalipatão. No cinema, participou, com outras crianças, em A Aldeia da Roupa Branca. E, em 1939, já era uma das vozes principais da Emissora Nacional. A sua fotografia publicada no Século Ilustrado, em 1942, em que era apresentada como "a mais bela flor da rádio" despertou a atenção dos dirigentes da Tóbis Portuguesa e do realizador Artur Duarte, que a chamaram para fazer a Luisinha em O Costa do Castelo, ao lado de António Silva, Maria Matos e Curado Ribeiro.
José de Matos-Cruz, historiador do cinema português, recorda-a como "um verdadeiro animal de câmara", como havia poucos naquela altura. "A espontaneidade, o olhar irradiante, o sorriso, a beleza, a maneira como se movimentava, a vibração com a câmara, a Milu tinha uma cinegenia natural."
Abriram-se portas. Fez publicidade, foi capa de revista, derramou glamour em mil entrevistas. Depois de filmar Doce Lunas de Miel chegou a ter convites para trabalhar mais em Espanha e até em Hollywood mas recusou sempre. Tinha 17 anos e muito medo de sair do País. Além disso, estava prestes a casar-se.
Quatro anos depois, desfeito o casamento, regressa em grande. Foi o tempo de O Leão da Estrela (1947, também de Artur Duarte), A Volta do José do Telhado (1959), O Grande Elias (1950), Vidas Sem Rumo (1956), Dois Dias no Paraíso (1958). Também fez teatro, embora tenha assumido que preferia a câmara ao palco. Em 1961 nova interrupção. Emigrou para o Brasil com o segundo marido.
Em momentos decisivos da sua carreira, lembra Matos-Cruz, Milu "preferiu sempre a vida pessoal, sacrificando a carreira que poderia ter tido um outro fulgor". Voltou oito anos depois para fazer mais filmes, várias peças e algumas revistas. Mas os problemas de saúde e as contingências do mercado não favoreceram a sua carreira. Viveu sempre com a sensação de que deixou escapar o seu tempo. No cinema, o seu último papel foi em Kilas, o Mau da Fita, de José Fonseca e Costa (1981).
O corpo de Milu vai estar em câmara ardente na igreja de São João do Estoril e o funeral realiza-se hoje, às 1 6.00, para o cemitério daquela localidade.
IN
http://dn.sapo.pt/2008/11/06/artes/milu_a_primeira_vedeta_cinema_portug.html
Como nos diz a notícia publicada na edição de hoje do Diário de Notícias, de Maria João Caetano, Milú foi uma precursora e uma verdadeira estrela popular. Aqui fica o artigo e a nossa saudade.
Chamava-se Maria de Lurdes de Almeida Lemos mas todos a conheciam como Milu, a primeira vedeta do cinema português. Tinha 82 anos e uma beleza rara, que manteve até ao dia da morte, que aconteceu ontem, na sequência de uma infecção respiratória.
A primeira vez que aparecia em O Costa do Castelo já trazia um sorriso aberto e uma voz cantada com que anunciava "bom dia". Estava tudo lá. O olhar lânguido num rosto ingénuo, corpo de formas perfeitas numa personagem de menina bem comportada. Milu, que tinha apenas 16 anos, tornou-se imediatamente uma figura popular, e sua voz ficaria para sempre associada aos temas Cantiga da Rua e A Minha Casinha.
Mas a sua carreira tinha começado muito antes. Desde miúda que trabalhava na Rádio Graça e na Rádio Sonora, fazia recitais e jogos florais, gravava discos. Em 1938, aos 11 anos, estreou-se no palco do Eden-Teatro como vedeta da revista infantil O Preto Mazalipatão. No cinema, participou, com outras crianças, em A Aldeia da Roupa Branca. E, em 1939, já era uma das vozes principais da Emissora Nacional. A sua fotografia publicada no Século Ilustrado, em 1942, em que era apresentada como "a mais bela flor da rádio" despertou a atenção dos dirigentes da Tóbis Portuguesa e do realizador Artur Duarte, que a chamaram para fazer a Luisinha em O Costa do Castelo, ao lado de António Silva, Maria Matos e Curado Ribeiro.
José de Matos-Cruz, historiador do cinema português, recorda-a como "um verdadeiro animal de câmara", como havia poucos naquela altura. "A espontaneidade, o olhar irradiante, o sorriso, a beleza, a maneira como se movimentava, a vibração com a câmara, a Milu tinha uma cinegenia natural."
Abriram-se portas. Fez publicidade, foi capa de revista, derramou glamour em mil entrevistas. Depois de filmar Doce Lunas de Miel chegou a ter convites para trabalhar mais em Espanha e até em Hollywood mas recusou sempre. Tinha 17 anos e muito medo de sair do País. Além disso, estava prestes a casar-se.
Quatro anos depois, desfeito o casamento, regressa em grande. Foi o tempo de O Leão da Estrela (1947, também de Artur Duarte), A Volta do José do Telhado (1959), O Grande Elias (1950), Vidas Sem Rumo (1956), Dois Dias no Paraíso (1958). Também fez teatro, embora tenha assumido que preferia a câmara ao palco. Em 1961 nova interrupção. Emigrou para o Brasil com o segundo marido.
Em momentos decisivos da sua carreira, lembra Matos-Cruz, Milu "preferiu sempre a vida pessoal, sacrificando a carreira que poderia ter tido um outro fulgor". Voltou oito anos depois para fazer mais filmes, várias peças e algumas revistas. Mas os problemas de saúde e as contingências do mercado não favoreceram a sua carreira. Viveu sempre com a sensação de que deixou escapar o seu tempo. No cinema, o seu último papel foi em Kilas, o Mau da Fita, de José Fonseca e Costa (1981).
O corpo de Milu vai estar em câmara ardente na igreja de São João do Estoril e o funeral realiza-se hoje, às 1 6.00, para o cemitério daquela localidade.
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