O espectáculo começa no átrio do teatro, adaptado a café onde os espectadores são convidados a beber vinho e assistem a uma conversa que envolve um misterioso personagem, talvez um mago, talvez um diabo. Nesta conversa, que não se pode entender completamente, por causa da confusão, fala-se de esoterismo e ocultismo, argumentos que apaixonavam o escritor Fernando Pessoa.
A contaminação entre os espectadores e o espectáculo continua na abertura da cena no momento no qual o mesmo personagem envolve a Sara, uma atraente actriz, numa experiência de hipnotismo. Com a hipnose o mago/diabo consegue fazer viver à jovem a vida duma mulher do passado distante. Trata-se da Ophelia Queiroz, a mulher amada por Fernando Pessoa, o poeta fingidor, o escritor cuja literatura se multiplicava em personalidades distintas chamadas heterónimos. Cada um com uma sua própria vida e estilo literário independente.
O espectáculo, através da correspondência entre Pessoa e Ophelia, mostra a beleza do seu amor, mas também todas as dificuldades e os obstáculos da relação. O poeta ama a rapariga dum amor afectuoso, recobrindo-a de cartas carinhosas, mas também o seu è um amor inconcludente. Tudo funciona bem até quando as esperanças da jovem ficam mais exigentes. Numa cena que seria dramática se não fosse ridícula, a “doce” Ophelia muda-se lívida e com ferocidade pergunta ao Fernando porque é que ele não quer conhecer os seus pais. Pessoa responde, com insolente tranquilidade, que não pode casar-se com ela porque não quer casar-se com toda a sua família, mas este parece um pretexto. Na realidade Pessoa não tem a intenção de viver com Ophelia, nem de casar-se com ela, porque isto simplesmente não está na sua índole. O seu amor permanece um amor platónico. Ele não tem a possibilidade de viver completamente o seu amor por Ophelia, porque isto significaria dever-se adaptar à vida mesma.
O Fausto/Pessoa tenta conhecer na figura da Maria/Ophelia o amor, único e ilusório consolo permitido aos seres humanos, mas o seu intento de saber amar é destinado ao insucesso, por causa da sua incapacidade de adaptação na vida.
O que é mais importante para um artista? Viver a vida verdadeira ou consagrar-se na arte?
Para Pessoa a literatura, assim como toda a arte, é a demonstração que a vida não é suficiente. Existe uma realidade “outra”, espiritual e imaterial, que não pode ser compreendida só com a razão.
Em conclusão, para Pessoa a criação artística é melhor que a vida mesma, então ele prefere representar-se através dos seus heterónimos e das obras criadas por meio deles, que viver plenamente a vida do Fernando.
A contaminação entre os espectadores e o espectáculo continua na abertura da cena no momento no qual o mesmo personagem envolve a Sara, uma atraente actriz, numa experiência de hipnotismo. Com a hipnose o mago/diabo consegue fazer viver à jovem a vida duma mulher do passado distante. Trata-se da Ophelia Queiroz, a mulher amada por Fernando Pessoa, o poeta fingidor, o escritor cuja literatura se multiplicava em personalidades distintas chamadas heterónimos. Cada um com uma sua própria vida e estilo literário independente.
O espectáculo, através da correspondência entre Pessoa e Ophelia, mostra a beleza do seu amor, mas também todas as dificuldades e os obstáculos da relação. O poeta ama a rapariga dum amor afectuoso, recobrindo-a de cartas carinhosas, mas também o seu è um amor inconcludente. Tudo funciona bem até quando as esperanças da jovem ficam mais exigentes. Numa cena que seria dramática se não fosse ridícula, a “doce” Ophelia muda-se lívida e com ferocidade pergunta ao Fernando porque é que ele não quer conhecer os seus pais. Pessoa responde, com insolente tranquilidade, que não pode casar-se com ela porque não quer casar-se com toda a sua família, mas este parece um pretexto. Na realidade Pessoa não tem a intenção de viver com Ophelia, nem de casar-se com ela, porque isto simplesmente não está na sua índole. O seu amor permanece um amor platónico. Ele não tem a possibilidade de viver completamente o seu amor por Ophelia, porque isto significaria dever-se adaptar à vida mesma.
O Fausto/Pessoa tenta conhecer na figura da Maria/Ophelia o amor, único e ilusório consolo permitido aos seres humanos, mas o seu intento de saber amar é destinado ao insucesso, por causa da sua incapacidade de adaptação na vida.
O que é mais importante para um artista? Viver a vida verdadeira ou consagrar-se na arte?
Para Pessoa a literatura, assim como toda a arte, é a demonstração que a vida não é suficiente. Existe uma realidade “outra”, espiritual e imaterial, que não pode ser compreendida só com a razão.
Em conclusão, para Pessoa a criação artística é melhor que a vida mesma, então ele prefere representar-se através dos seus heterónimos e das obras criadas por meio deles, que viver plenamente a vida do Fernando.
ROBERTA SPADACINI
1 commento:
Un commento, a distanza di tanto tempo, è un modo per ricordare, per non dimenticare quella bella serata. Ritrovo queste parole nella tasca di un cappotto, ed ecco qui i miei pensieri di allora:
"Una rappresentazione "reale" eppure fittizia. Pessoa e il suo essere multiforme, così come lo sono gli uomini. Tutti. Anche chi crede di avere un "io" ben solido e definito, si sbaglia. Gli eteronimi, i tanti volti. Ma è proprio così: l'autore parla dell'uomo, parlando di sé, mostrandoci le sue vite, le sue paure, le sue riflessioni. Il tempo passa, il viso invecchia, eppure delle certezze rimangono.
Le risate che si alternano al pianto. E non c'è nulla di più reale: l'alternanza del giorno e della notte, della gioia e del dispiacere, il continuo fluire dell'anima e del tempo.
Arrivo in macchina, sono sola, attimi cupi si dissolvono davanti all'ingresso del teatro, sorrisi, contatto con persone solari, l'energia che circola.
Entro nel teatro, inizia il viaggio.
Torno in macchina, di nuovo, e una certezza rimane: l'amore è vita."
Elisa
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