martedì 13 gennaio 2009

Ainda Natal... poesia de Teresa Rita Lopes


Através da Professora Giulia Lanciani tivemos acesso a esta poesia de Teresa Rita Lopes sobre o Natal, que temos muito gosto em publicar a menos de um mês passado sobre essa festa tão cheia de significados em Itália e em Portugal...

A CADA UM O SEU NATAL

I

O aloés que vegeta num alcatruz de barro
na varanda
todos os anos dá flor por esta altura.
Por enquanto é só uma esguia pinha ponteaguda
prenhe de esperanças.
É homem mas está
de esperanças o meu cacto.
“Para ti será Natal em breve!
digo-lhe.
Mas só vejo um botão…
queixo-me.
É tudo o que este ano dás à luz?”
Ele ri-se,
doridamente:
“Também o Menino Jesus
é só um!
E desfecha-me:
Não vês que estou
a ficar velho?!”
Consolo-o:
“Também eu, amigo,
deixa lá!”
“Mas tu fazes versos!”
diz-me.
“E tu dás flor!”
respondo.


II

Do presépio da infância lembro sobretudo o cheiro
do musgo que ia apanhar ao campo.
Agora compra-se,
como tudo, no supermercado. Até de plástico.
Depois espalhava por cima bocados de casca de sobreiro
a imitar rochedos
e povoava com casas e ovelhas e pastores
as encostas dos montes.
Nas planícies inventava lagos com bocadinhos
de espelhos
e improvisava pontes que não caíam.
A gruta onde se abrigava a Sagrada Família era feita
com os dois melhores pedaços de cortiça.
Jesus tiritava numa manjedoura feita de espigas a valer
e em frente ajoelhavam os visitantes com suas oferendas.
Então contemplava:
Ei-lo
saído de mim
o meu pequeno mundo!
Sentia-me a Nossa Senhora do presépio depois de dar à luz
mas sem a Sua solene e reverente pose de mãos postas:
pegava-lhe ao colo para o aquecer
e embalava-o
para lhe calar o choro.
Já então sentia e amava o mundo assim
nu e sem berço
a estender-me os braços.

III
Noticiário na televisão:
“ Um soldado de 20 anos foi morto na noite de Natal
no Afeganistão…”
“Um bombista suicida explodiu-se
perto duma escola e fez 20 mortos…”
E viam-se os livros
e os cadernos cheios de sangue.
“Israel prepara-se para atacar
por terra…”
“O Papa apelou…”
Em Belém, o Menino
vira-se de barriga para baixo na manjedoura
e põe as mãos
nos ouvidos para abafar o estrondo das bombas.


Teresa Rita Lopes

2 commenti:

Unknown ha detto...

Poesias lindissimas!
Aproveito para inviar uma poesia em italiano de Alfonso Gatto. Fala do Natal em Veneza.

NATALE AL CAFFE' FLORIAN

La nebbia rosa
e l'aria dei freddi vapori
arruginiti con la sera,
il fischio del battello che sparve
nel largo delle campane.
Un triste davanzale,
Venezia che abbruna le rose
sul grande canale.
Cadute le stelle, cadute le rose
nel vento che porta il Natale.


Obrigada a este blog que dá-nos a opurtunidade de conhecer a cultura portuguesa. Ivana

via dei Portoghesi ha detto...

Obrigado à Ivana que segue atentamente o que aqui se publica e participa com tanto entusiasmo, com os seus textos e comentários, na nosso blog!
VdP