lunedì 4 febbraio 2008

"Mistério" de Fabrizio Riccardo Verile

("Donna appoggiata al tavolo" de Felice Casorati, 1947)

Aqui publicamos mais um trabalho de um aluno de Português: Fabrizio Riccardo Verile. Um texto misterioso, divertido, bem escrito, que vale a pena ler!...



Certamente sou conhecida e amada, acolho todos e todos deixo que me rodeiem. Os meus amantes não perdem ocasião para cobrir-me de coisas lindas: tecidos, metais preciosos, luzentes cristais, cerâmicas finíssimas e, depois, cores, aromas e……. sabores.
Algumas vezes visitam-me por um período muito breve, outras ficam horas como se fossem embalados por uma preciosa ama. Eu gosto de contentar todos e de conceder as minhas graças, quando é pedido, nua ou vestida, saciando os mais diversos apetites e ao fim, no saudar, deixando sempre um sabor doce ou salgado sobre os lábios de cada um.

O que é que estão a dizer? Que sorte terá o homem que me conquistará?
Mas o que é que perceberam?
Eu não sou uma mulher, mas uma mesa!!

E como todas as minhas irmãs faço o meu trabalho com grande seriedade e pontualidade. Desde manhã eu vos acolho com uma limpíssima toalha, qualquer que seja o vosso humor, oferecendo-vos uma chávena de bom café ou chá quente, nos quais molhar os biscoitos e deixá-los a boiar para brincar a petiscá-los com uma colherzinha... E então deixo-vos partir, ainda com sono, só depois de ser certa que os meus guardanapos vos tinham acariciado a boca.

Depois de me despir, espero fiel o meio-dia, a hora do almoço, mas muitas vezes não se lembram de mim e sou obrigada a esperar pela noite.

Naquele momento, finalmente, todos se lembram de mim e todos querem fazer-se perdoar: é o jantar! há quem me viste com uma toalha limpíssima e branquíssima, preocupando-se com escolher os guardanapos certos; há quem ponha os pratos, nos quais aparecerá óptima comida; há quem traga copos brilhantes, colheres, garfos e facas, e no fim: pão, garrafas de água e vinho.

Que maravilha! De novo, todos à minha volta! A solidão foi-se embora. Sabores, aromas, cores, palavras, risos, choros e algo mais se confundem até quando o sono os levará embora de novo e eu, depois de me despir, dormirei tranquila, esperando por todos na manhã seguinte.


Fabrizio Riccardo Verile

(aluno do 1ª nível do curso de língua e cultura, no Instituto Português de Santo António em Roma)

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